Chefão do Grammy descarta racismo após Adele superar a recordista Beyoncé
Neil Portnow, presidente da Academia de Gravação, a instituição que promove o Grammy, respondeu às críticas de que a premiação teria sido racista ao não consagrar Beyoncé e seu mais recente álbum, "Lemonade", no último domingo (12). "Nós não escutamos música baseados no gênero, raça ou etnia", disse o produtor musical norte-americano em entrevista ao Pitchfork.
Recordista da noite, com nove indicações, Beyoncé saiu da premiação com apenas dois gramofones. Os de melhor álbum contemporâneo urbano e de melhor videoclipe. Enquanto isso, a britânica Adele levou o Grammy em todas as cinco categorias às quais foi indicada, inclusive os dois principais prêmios, de melhor gravação e melhor álbum, também disputados por Beyoncé.
Os cantores Sufjan Stevens e St. Vicent acusaram a organização da cerimônia de utilizar critérios racistas na atribuição dos prêmios logo depois do resultado. Antes disso, Frank Ocean e Kanye West resolveram boicotar a cerimônia por motivos parecidos. Kanye chegou a dizer que, mesmo tendo recebido 21 Grammys em sua carreira, nenhum deles foi concorrendo com um artista branco.
Apesar de bastante agradecida, a própria Adele deixou claro em seus discursos ao receber os dois principais prêmios de que Beyoncé era merecedora deles. "Meu modelo é a Beyoncé, o álbum 'Lemonade' é tão monumental. O jeito que você faz eu e meus amigos negros nos sentirmos é empoderador. Eu te amo", disse olhando diretamente para a amiga, que não segurou as lágrimas.
"Quando você vai votar em trabalho musical - ao menos no meu modo - é quase como ficar cego apenas para ouvir. É uma questão de como você reage e o que na sua cabeça como profissional realmente atinge o maior nível de excelência naquele ano. E isso é sempre muito subjetivo. É isso que nós orientamos nossos integrantes a fazerem", disse o presidente da instituição responsável por eleger os melhores artistas.
Neil Portnow detalhou o processo de escolha dos votantes. "Nós pedimos que eles não levem em consideração as vendas, o marketing, a popularidade e as paradas de sucesso. Você tem que ouvir a música. Então os 14 mil votantes, eles escutam, fazem a escolha deles e depois votam".
O presidente da Academia de Gravação ainda usou como exemplo a escolha de Chance the Rapper como artista revelação. "Ele não seria escolhido se nossos membros não tivessem mente aberta para realmente apreciar a música", justificou.
Com o elogiado segundo disco, “Coloring Book”, de produção independente, Chance the Rapper celebrou três merecidos prêmios em uma noite um tanto branca: melhor álbum de rap, performance de rap e revelação do ano, categoria em que um rapper não vencia desde 1999.
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