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Existe postura certa para correr? Veja fatores que elevam o risco de lesão

O posicionamento "correto" do corpo ao correr varia muito e pode simplesmente ser aquele no qual a pessoa se sente mais confortável - iStock
O posicionamento "correto" do corpo ao correr varia muito e pode simplesmente ser aquele no qual a pessoa se sente mais confortável Imagem: iStock

Alexandre Sinato

Colaboração para o UOL VivaBem

08/03/2019 04h00

Resumo da notícia

  • O posicionamento correto do corpo ao correr varia de pessoa para pessoa
  • A postura ideal ao correr pode ser simplesmente aquela em que você se sente mais confortável
  • Apesar de não existir uma postura correta, alguns desvios podem elevar o risco de lesão ou prejudicar a economia de corrida

Qual a postura ideal na corrida? Como deve ser o movimento perfeito para ter mais desempenho e evitar lesões? Essas dúvidas são comuns entre atletas amadores que buscam melhorar o posicionamento do corpo para ter mais conforto e performance durante a atividade física.

No entanto, a resposta para essas perguntas é depende. Sim, existem desvios de posturas comuns que podem elevar o risco de lesão ou prejudicar a economia de energia durante o exercício --e vamos mostrá-los a seguir, claro. Porém, não há uma postura "certa". O posicionamento "correto" do corpo na verdade varia muito para cada praticante e pode simplesmente ser aquele no qual a pessoa se sente mais confortável para correr.

"É muito claro na literatura científica hoje que não existe uma forma de movimento perfeito. O que vai reduzir ou aumentar o risco de uma lesão é o equilíbrio entre a capacidade física e biomecânica do seu corpo com a demanda de treinamento", argumenta o fisioterapeuta e profissional de educação física Gustavo Leporace, doutor em engenharia biomédica pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e diretor-técnico da Clínica Biocinética.

Segundo ele, não existe fórmula mágica nem tênis perfeito. O caminho para uma corrida saudável e produtiva passa pelas particularidades de cada pessoa e pelo treino a que ela se submete.

"Sem dúvida, o movimento ideal é o movimento possível. O ideal é buscar sempre o equilíbrio de ativação dos músculos e aumentar de forma gradual a consciência corporal. Isso ajudará no processo do melhor movimento", concorda Darlan Duarte, profissional de educação física, especialista em biomecânica do esporte e treinamento desportivo e diretor-técnico da Pacefit Assessoria Esportiva.

Com esse cenário em mente, é possível indicar alterações de movimento e fatores de risco mais comuns. E mesmo eles, no fim das contas, dependerão das dinâmicas de cada corredor para determinar ou não uma maior chance de lesão.

Fatores que aumentam o risco de lesão

- Valgismo dinâmico Trata-se da projeção do joelho em direção ao centro do corpo durante o movimento. Ou seja, correr "fechando" os joelhos. Esse desalinhamento é muito comum em mulheres e está relacionado a dores na coluna, no quadril, no joelho e no tornozelo.

- Correr "sentado" Algumas pessoas tendem a projetar o quadril para trás e para baixo ao correr, como se estivessem se sentando. Não apenas elas, mas pessoas com valgismo dinâmico tendem a se movimentar assim, já que o joelho vai para dentro e a bacia "cai" para o lado, desalinhando a perna. Ao correr "sentando", há uma sobrecarga sobre os flexores de quadril e a amplitude da passada fica encurtada.

- Tronco muito ereto São aquelas pessoas que correm com o peitoral empinado e o tronco a 90º do piso. Essa posição do corpo aumenta bastante a sobrecarga no joelho --o "ideal" é que o tronco sempre fique levemente inclinado à frente. 

- Pisada excessivamente supinada (lado externo do pé) ou pronada (lado interno) Nada comprova que essas pisadas, isoladamente, causem problemas, mas naturalmente resultarão em uma carga maior em outros pontos do corpo. Isso não quer dizer, porém, que você deva comprar tênis que "corrijam" o desvio. Como seu corpo geralmente está acostumado a essa pisada, em muitos casos a melhor saída para evitar lesões é fortalecer as regiões que são mais exigidas e não mudar sua forma de correr.

Alterações de movimento

Algumas alterações de movimento aumentam a demanda sobre determinas regiões do corpo e podem fazer com que o atleta gaste mais energia para correr. São elas:

- Balançar os braços balançam à frente do corpo Ao correr, o recomendado é movimentar os braços para a frente e para trás, e não lateralmente. Por si só, essa dinâmica resulta num maior gasto energético. Por isso, o indicado é observar sua causa. "Muitas vezes, isso acontece com pessoas que têm menos mobilidade da coluna lombar e da bacia, então elas tendem a compensar fazendo um movimento maior de braço", pondera Gustavo Leporace.

- Saltar demais para cima É uma alteração de movimento comum, chamada de deslocamento vertical excessivo. Isso tende a aumentar bastante o pico de impacto no corpo e, consequentemente, elevar a sobrecarga em todas as articulações durante a corrida.

- Aterrissar com a parte da frente do pé ou com o calcanhar Como já dissemos, não dá para afirmar que é certo ou errado pisar com o calcanhar ou a parte da frente do pé ao correr. As duas formas podem ser "corretas". Porém, a parte do pé que toca o solo primeiro muda o ponto de sobrecarga no corpo. Por exemplo, quem tem o contato inicial com a ponta do pé tende a exigir mais do pé e da panturrilha. Já quem tem esse contato inicial com o calcanhar geralmente exige mais do joelho e do quadril.

Como melhorar?

Se as alterações isoladamente não são determinantes, como evoluir para evitar lesões e correr de forma mais eficiente, economizando energia? O ideal é que cada caso seja avaliado individualmente.

"Há muitos casos em que você vai manter o padrão 'não convencional' de movimento e trabalhar outros fatores para que o corpo se reequilibre. Em outros, você opta por corrigir o movimento, buscando um padrão que sobrecarregue menos determinada articulação", recomenda Leporace.

Hoje, já é possível realizar diferentes testes (em clínicas especializadas) para analisar a mecânica da corrida e saber quais são os ajustes necessários para seu corpo ou objetivo no esporte. 

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