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Andy Warhol: o ícone do pop art segue presente 30 anos após sua morte

Foto do artista americano Andy Warhol, representante da Pop Art. - Divulgação
Foto do artista americano Andy Warhol, representante da Pop Art. Imagem: Divulgação

22/02/2017 06h00

O mundo da arte se lembra do excêntrico Andy Warhol, criador de algumas das imagens mais icônicas do século XX, com exposições que homenageiam vida e obra do artista no aniversário de sua morte, que completa 30 anos nesta quarta-feira (22).

Museus por todo o mundo exibem nos próximos dias algumas de suas obras mais cultuadas e ajudam a traçar o percurso artístico durante várias décadas do século passado. Uma nova biografia, ainda em produção, também ajudará a recontar os 58 anos do ícone do pop art e trará novas revelações em torno de sua morte, em 22 de fevereiro de 1987. Diferente do que fora informado, o diretor norte-americano estava há anos gravemente doente.

Por causa do aniversário de sua morte, também se analisa a influência do mítico estúdio nova-iorquino de Warhol, a "Factory". Enquanto isso, novos retratos do artista, como o pintado por Lincoln Townely e que será exibido em Mayfair, em Londres, ganham as principais galerias mundiais.

Warhol conseguiu criar imagens que seguem presentes na vida cotidiana décadas depois de serem lançadas, como a série de quadros policromáticos dedicada a Marilyn Monroe pouco depois da morte da atriz, em 1962.

Também estão gravadas na memória de meio mundo as famosas "Latas de Sopa Campbell", 32 pinturas sobre tela, também de 1962, que centenas de pessoas seguem admirando diariamente no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).

Funcionário posiciona série de quadros policromáticos dedicada a Marilyn Monroe como parte da mostra "American Dream" no British Museum, em Londres - REUTERS/Stefan Wermuth - REUTERS/Stefan Wermuth
Funcionário posiciona série de quadros policromáticos dedicada a Marilyn Monroe como parte da mostra "American Dream" em cartaz no British Museum, em Londres
Imagem: REUTERS/Stefan Wermuth

Origem operária

Nascido Andrew Warhola em Pittsburght, em 1928, o artista era filho de uma família de classe operária de origem eslovaca. Desde criança, Warhol se destacou por sua habilidades artísticas que conseguiu desenvolver, em parte, durante os longos períodos que passava doente em seu próprio quarto.

Apesar de sua frágil saúde, Warhol se formou em Belas Artes em Pittsburgh em 1949, mesmo ano em que se mudou para Nova York e deu início à meteórica carreira. Começou desenhando capas de discos para a RCA Records na década de 1950, mas, pouco depois, seu talento foi reconhecido e ele passou a expor suas obras de artes em várias galerias da cidade nos anos 1960.

Destacavam-se nessa época seus retratos de Marilyn Monroe, Elvis Presley, Marlon Brando, Elizabeth Taylor e do boxeador Muhammad Ali, que, no entanto, também foram criticados pelo claro caráter comercial, classificado como superficial.

O artista, mesmo assim, não só ganhou relevância por suas obras de arte, mas também por ser um dos epicentros da vida cultural norte-americana e por definir as tendências dos anos 1960.

Em seu estúdio, Warhol reunia um amplo leque de artistas, músicos, escritores e celebridades da cultura alternativa até quando foi alvo de uma tentativa de homicídio em 1968. O reforço da segurança na lendária "Factory" levou ao seu declive.

Com o tempo, o artista continuou recebendo críticas negativas pelo caráter mercantil de suas obras, mas seguiu relevante pelas conexões com personalidades altamente influentes - e ricas -, como Mick Jagger, Liza Minnelli, John Lennon, Brigitte Bardot e até o xá do Irã na época, Mohammed Reza Pahlevi.

Andy Warhol, cerca de 1965, de Weegee, fotografia com nitrato de camada de prata - Divulgação - Divulgação
Andy Warhol, cerca de 1965, de Weegee, fotografia com nitrato de camada de prata
Imagem: Divulgação
Saúde deteriorada

Nos anos 1980, os últimos de sua vida, Warhol melhorou sua imagem graças à amizade e promoção de importantes artistas emergentes, como Jean-Michel Basquiat e Enzo Cucchi. Sua inesperada morte no Hospital de Nova York causou um forte impacto. O anúncio oficial disse que ela ocorreu por causa de um ataque cardíaco durante uma operação rotineira da vesícula biliar do artista.

Contudo, 30 anos depois, a versão foi questionada por alguns médicos. Eles apontam que a intervenção cirúrgica de Warhol não era rotineira, mas sim uma operação complicada em uma pessoa gravemente doente.

"Era uma operação muito, muito grave - e não de rotina - em uma pessoa muito doente", disse no último domingo o cirurgião aposentado e historiador John Ryan, segundo revelou matéria do jornal "The New York Times" de Blake Gopnik, publicada na terça-feira (21) que prepara uma biografia de Warhol.

Acredita-se que a aversão que ele sentia pelos hospitais, um sentimento herdado de uma infância repleta de consultas médicas, fez com que o artista ignorasse uma evidente deterioração de sua saúde, o que resultou em sua morte prematura.