Aline engordou após morte da mãe, mas superou a tristeza e perdeu 33 kg
No momento mais difícil de sua vida, Aline Freitas, 37, se descuidou completamente da dieta e chegou aos 110 kg. A paulistana, que conta sua história a seguir, decidiu fazer exercícios para emagrecer e, além de saúde, o esporte trouxe muita alegria:
“A minha história começa como a de muitas pessoas obesas: sempre fui gordinha na adolescência e briguei por anos com a balança. Quando comecei a cursar o ensino superior, em 2002, me dediquei completamente aos estudos. Precisava acordar muito cedo para chegar às 7h da manhã na aula, e trabalhava até as 23h.
Com tão pouco tempo livre, não tinha disposição para fazer exercícios e nem preocupação em comer de forma saudável. Descuidei da alimentação e engordei 16 kg em um ano e meio. Até me formar, enfrentei altos e baixos na balança, sem nunca sair da casa dos 80 kg, o que não é muito para mim, que tenho 1,75 m de altura.
Apesar do excesso de peso me incomodar, emagrecer ainda não era uma prioridade para mim. Quando me casei, em 2009, já estava pesando 98 kg e o peso não atrapalhou em nada a busca pelo vestido que sonhava ou o quanto me senti linda e feliz naquele dia.
Toda a minha alegria começou a sumir com a morte trágica do meu irmão mais novo, assassinado no fim de 2011. Meses depois, minha mãe, que foi uma grande guerreira e já havia enfrentado três cânceres em diferentes partes do corpo e ainda fazia tratamento da metástase de um quarto tumor, não resistiu e faleceu. A dor foi imensa, não há palavras.
Digo que esse foi um ano obscuro, a pior fase da minha vida. Precisava criar forças para apoiar meu pai e ao mesmo tempo seguir em frente. A compulsão alimentar surgiu como um escape. Como sou alta, quando cheguei aos 110 kg não parecia que estava com tanto peso assim, mas hoje entendo que o percentual de gordura corporal era altíssimo.
No início de 2013, durante um check-up, o cardiologista me alertou dos risco de saúde que eu corria se continuasse muito acima do peso. Além disso, diante do meu histórico familiar, a obesidade poderia favorecer o surgimento de um câncer.
Pensei em tudo que minha mãe enfrentou e decidi que deveria emagrecer para tomar as rédeas da minha saúde
Se eu estivesse doente, encararia o tratamento e tomaria o remédio necessário para me curar. Então usei a mesma lógica para combater a obesidade e decidi começar a me exercitar e a fazer dieta.
Tive sorte da empresa em que trabalhava incentivar uma vida saudável e oferecer uma boa estrutura para os funcionários se exercitarem, além de ter nutricionistas à disposição e até um grupo de corrida. Abracei essas facilidades todas e tracei a meta de emagrecer sem cirurgia ou medicamento.
Brigar com a minha mente que repetia que não conseguiria, que era melhor desistir foi um desafio tão grande quanto mudar a dieta e deixar o arroz branco e o pãozinho de lado.
Um dia, o pessoal do grupo de corrida me chamou para treinar com eles e participar de uma prova de revezamento que aconteceria em menos de um mês. Cada integrante da equipe teria que correr 5 km e achei que seria impossível, pois eu mal havia começado a me exercitar. Mas me joguei e fui.
Acabei não correndo a prova, fui acompanhar os amigos e pude sentir a energia dos corredores e toda a sensação de alegria e bem-estar que envolvia os atletas. Aquilo foi transformador e passei a frequentar os treinos de corrida, além de seguir firme na musculação.
O incentivo dos amigos de corrida era o que me fazia acordar cedo todos os dias para treinar. O esporte me trazia prazer e emagrecer foi uma consequência
No grupo ouvi histórias de ex-obesos e pessoas que superaram o alcoolismo com a ajuda da atividade física. Em 2013, participei da minha primeira prova de 5 km. Cruzar a linha de chegada foi uma das emoções mais especiais da minha vida. Fiz diversas provas depois dessa e a corrida me ajudou a superar a fase sombria das perdas.
Até 2014, perdi cerca de 15 kg, e ao longo dos dois anos seguintes enxuguei um total de 30 kg, treinando seis dias por semana, com uma alimentação balanceada, mas sem neuras.
Estava muito feliz com meu corpo e decidi ter um filho aos 35 anos, quando pesava 80 kg. Por anos ouvi as pessoas dizerem que, como já fui gorda, quando engravidasse dobraria de tamanho; que o quadril ficaria enorme e coisas desse tipo me fizeram sentir bastante medo.
O médico me recomendou continuar a praticar exercícios físicos e a nutricionista adequou minha dieta para aquele momento. Com o apoio da equipe de especialistas, me senti segura e tive uma gestação ótima. Sem enjoos, inchaços e tão pouco ganhei muito peso: foram só 12 kg. Fiz exercícios até a véspera do parto e voltei a treinar três meses após o nascimento da minha filha.
De forma tranquila, emagreci 8 kg dos 12 kg que ganhei. Amamentei até novembro de 2017 e não cortei nada do cardápio para não alterar os nutrientes do leite. Quando a minha filha deixou o peito, em janeiro deste ano, cortei os carboidratos refinados e alimentos industrializados do cardápio e aumentei o volume de treinos de corrida para três vezes por semana. No sábado, minha bebê “corre” junto comigo e meu marido, em um carrinho especial.
Já cheguei aos 77 kg e minha meta é pesar 70 kg, para conseguir melhorar meus tempos na corrida e finalmente realizar minha primeira meia maratona (21 km) em outubro de 2018!
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