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Obesidade é responsável por 15 mil casos de câncer no Brasil

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Do VivaBem*

20/04/2018 12h07

Estima-se que pelo menos 15 mil casos de câncer por ano no Brasil --ou 3,8% do total-- poderiam ser evitados com a redução do excesso de peso e da obesidade. A informação é de um estudo realizado no Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), em colaboração com a Harvard University, nos Estados Unidos.

Segundo os pesquisadores, esse número ainda deve crescer até 2025, quando se estima que mais de 29 mil novos casos de câncer atribuíveis à obesidade e ao sobrepeso devam surgir. “O problema principal é que vem ocorrendo um aumento nas prevalências de excesso de peso e obesidade no Brasil e, com isso, os casos de câncer atribuíveis a essas duas condições também devem crescer. Fora isso, espera-se que haja um aumento nos casos de câncer como um todo, pois a população do país vai aumentar e envelhecer”, explica Leandro Rezende, doutorando na FMUSP e autor do estudo.

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Mulheres têm maior risco

Segundo o estudo, os casos de câncer atribuíveis ao IMC elevado são mais comuns em mulheres (5,2%) do que em homens. Isso se dá não apenas pelo fato de a média do IMC ser mais elevada nas mulheres mas, principalmente, porque três tipos de tumores atribuíveis à obesidade e sobrepeso --ovário, útero e câncer de mama-- afetam quase exclusivamente a população feminina.

Para estimar o excesso de peso e a obesidade na população brasileira, os pesquisadores usaram dados sobre IMC no Brasil em 2002 e 2013 da Pesquisa de Orçamentos Familiares e da Pesquisa Nacional de Saúde, conduzidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com os dados do IBGE, 40% da população brasileira tinha sobrepeso ou obesidade em 2002. Em 2013, o total subiu para aproximadamente 60%. Levando em conta IMC, magnitude do risco relativo, casos da doença e período de latência, os autores estimaram que, em 2012, cerca de 10 mil casos de câncer em mulheres e 5 mil casos em homens eram atribuíveis ao excesso de peso e obesidade aferidos dez anos antes.

“Houve aumento do IMC no país inteiro. Observamos que o impacto da obesidade é maior nas regiões Sul e Sudeste, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mais ricos e com maiores IMC. No entanto, não se justifica uma estratégia de prevenção de câncer e redução da obesidade exclusivamente nessas duas regiões”, disse Rezende à Agência FAPESP.

Isso porque, de acordo com o artigo, ao comparar os dados de IMC de 2013 e de 2002, os autores perceberam que as regiões Norte e Nordeste tiveram o maior aumento de IMC em comparação com outras regiões. “Os dados mostram que é preciso tomar precauções em outros locais, além do Sul e Sudeste”, disse Rezende.

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As vendas de produtos ultraprocessados cresceram 103% em toda a América Latina entre os anos de 2000 e 2013, acompanhadas de um consequente aumento no IMC nos países da região
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Ultraprocessado é o novo cigarro

De acordo com Rezende, o aumento do poder econômico nos últimos anos levou a um maior acesso a diversos tipos de produtos, porém, no caso da alimentação, o fenômeno ficou atrelado principalmente aos ultraprocessados. “São justamente esses alimentos altamente calóricos, com quantidade elevada de açúcar, sal e gordura, que também são os produtos mais baratos”, diz.

De acordo com o artigo publicado no periódico Cancer Epidemiology, as vendas de produtos ultraprocessados cresceram 103% em toda a América Latina entre os anos de 2000 e 2013, acompanhadas de um consequente aumento no IMC nos países da região. Para os autores, reverter esse quadro exige políticas públicas como a regulamentação de imposto, rotulagem nutricional e restrição de marketing de alimentos ultraprocessados.

Segundo ele, o crescimento dos alimentos ultraprocessados no Brasil é comparável ao que ocorreu com a indústria de tabaco nos anos 1980. “O tabagismo, hoje, é um problema maior em países de baixa e média renda porque é onde a indústria de tabaco está focada. Fazer isso no Brasil em 2018 ficou mais complicado. Temos restrição de publicidade, é proibido fumar em ambiente fechado. Já no caso dos alimentos ultraprocessados, é como se estivéssemos em 1980. Os produtos não são comercializados, rotulados e taxados de maneira adequada a garantir a saúde da população”, disse.

*Com informações da Agência FAPESP.

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