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Paola Machado

Gelo ou compressa de água quente: o que fazer na hora da dor?

Paola Machado

06/05/2018 04h00

Gelo ou água quente?

Crédito: iStock

Ninguém gosta de conviver com dor. E algumas técnicas podem minimizar desconfortos que atrapalham seu dia a dia e o impedem de treinar.

A crioterapia, ou terapia com gelo, é um potente recurso anti-inflamatório e analgésico. A termoterapia, ou terapia com calor, assim como o uso do gelo, alivia a sensação de dor (analgesia), além de relaxar a musculatura devido ao aumento do fluxo sanguíneo local (vasodilatação).

Ambos os procedimentos são os recursos mais antigos que se tem conhecimento na prática da reabilitação. Apesar disso, as aplicações devem sempre ser utilizadas com critério e no momento certo:

COMPRESSA QUENTE

No uso do calor local, podemos observar efeitos superficiais –até camadas de 1 a 2 cm abaixo da pele — e efeitos profundos.

Em todos os casos, teremos alívio da sensação de dor (analgesia) e de relaxamento muscular devido ao aumento do fluxo sanguíneo local (vasodilatação). Por consequência, há aumento da atividade celular metabólica. Isto é: por aumentar a quantidade de sangue que passa nas nossas artérias, o consumo e transporte de oxigênio também se eleva, assim como o de nutrientes e de agentes anti-inflamatórios produzidos pelo nosso próprio organismo (enzimas e anticorpos). Os músculos sentirão o efeito e seus receptores terão a estimulação reduzida, deixando-o mais "elástico" e relaxado.

No caso das aplicações de compressas quentes, ar umidificado e infravermelho ("luz vermelha"), teremos efeitos mais superficiais e para atingir camadas mais profundas é recomendado que seja sempre acompanhado por um terapeuta capacitado, uma vez que são necessários aparelhos específicos, como ultrassom ou ondas curtas.

COMPRESSA FRIA

Há muito tempo, desde a Grécia e Roma Antiga, o gelo –em forma de neve — já era utilizado como prática terapêutica. Apesar de ser controverso até hoje, a crioterapia é difundida no mundo e um potente recurso anti-inflamatório e analgésico.

Seus principais efeitos são redução da dor (analgesia), redução do inchaço (edema), redução do calor local e redução do espasmo muscular.

Podemos encontrar algumas explicações de acordo com os estudos atuais sobre esses efeitos. Pesquisas mostram que o fluxo de sangue local é reduzido inicialmente (vasoconstrição), o que implica na redução da atividade das células e, portanto, no consumo de oxigênio e de liberação de agente químicos do nosso próprio organismo. Após um período de 20 minutos, o fluxo de sangue é aumentado (vasodilatação), trazendo substâncias que auxiliam e impedem lesões maiores no local.

Nos músculos temos alguns receptores capazes de contrair ou relaxar o grupo muscular, o frio reduz a atividade desses receptores e a estimulação deles fica diminuída, sendo assim, temos a sensação de alívio da dor e relaxamento muscular.

Os estudos relacionados à crioterapia dizem que 15 a 20 minutos, no máximo, já são suficientes para alcançar os efeitos desejados. Cuidado para não exceder este tempo, pois o gelo, em contato com a pele, pode causar queimaduras, ulcerações (feridas) e até paralisar regiões com inervações superficiais e mais sensíveis, como dedos dos pés e das mãos. Nunca tire um cochilo enquanto usar o gelo.

O gelo pode ser aplicado basicamente pelos seguintes meios:

  • Condutivo: quando aplicado em contato direto com a pele e ocorre a troca de temperatura superficial local, por exemplo, bolsas de gelo, bolsas de gel congelado ou bolsas químicas e imersão em água gelada.
  • Evaporativo: quando uma substância é aplicada na pele e esta, devido a uma reação química, evapora e reduz a temperatura da superfície em que foi aplicada — os sprays com efeito congelante, por exemplo.

CONTRASTE (FRIO E CALOR)

Outra opção muito comum é o uso das duas técnicas alternadamente, o frio e o calor, conhecida como contraste. O indicado é iniciar com a aplicação do frio,  por 5 a 10 minutos, seguido diretamente pela aplicação do calor pelo mesmo tempo, e repetir por três a quatro vezes cada. Acredita-se que os efeitos causados pelo frio são prolongados com a aplicação seguida do calor local.

Estas ferramentas estão disponíveis para auxiliar no bem-estar tanto na reabilitação como na prevenção de lesões. Apesar dos últimos estudos apontarem a preferência pelo uso do frio, o uso do calor também é um meio utilizado para alívio de dores e contraturas musculares, mesmo que seu efeito não seja tão prolongado tanto quanto o do frio.

Para situações agudas e imediatas… Caiu, bateu, sangrou, ficou roxo, doeu… Use gelo!

Torcicolos e dores musculares sem batidas e traumas… Use a compressa de água quente!

*Colaboração Fisioterapeuta Dr. Pedro Sasaki (UNIFESP e HCor)

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

Aqui eu compartilharei conteúdo sobre exercício e alimentação para ajudar você a encontrar o caminho para um estilo de vida mais saudável. Os textos são cientificamente embasados e selecionados da melhor forma possível, sempre para auxiliar no seu bem-estar. Mas, lembre-se: a informação profissional é só o primeiro passo da sua nova jornada. O restante do percurso depende 100% de você e da sua motivação para alcançar seu objetivo.