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Na Flip, escritores afastam dúvida de que Shakespeare não teria escrito suas obras

Da esquerda para a direita, Stephen Greenblatt e James Shapiro no terceiro dia da Flip em Paraty, no Rio de Janeiro (6/7/2012) - Adriano Vizoni/Folhapress
Da esquerda para a direita, Stephen Greenblatt e James Shapiro no terceiro dia da Flip em Paraty, no Rio de Janeiro (6/7/2012) Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

Mariane Zendron

Do UOL, em Paraty (RJ)

06/07/2012 13h27

Stephen Greenblatt e James Shapiro disseram que não há verdade na teoria de que William Shakespeare não teria escrito suas obras, apesar de muitas pessoas acreditarem o contrário até hoje. O debate que teve o escritor britânico (1564-1616) como tema foi realizado nesta sexta-feira (6), durante a 10ª edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).

James Shapiro, professor de literatura e autor de "Quem escreveu Shakespeare?", contou que o pai da psicanálise, Sigmund Freud, era um dos grandes defensores dessa teoria da conspiração, mas rebateu: "Até pessoas inteligentes podem pensar coisas burras, e Freud era a mais inteligente delas", disse Shapiro.

Para Greenblatt, essa questão sempre volta à tona porque Shakespeare "vivia fora do radar", não pertencia a realeza, e por isso, não há muitos documentos que relacionem seu nome às obras. "Mas existem documentos como a certidão de nascimento de Shakespeare e seus impostos", disse Greeblatt, sobre o escritor que morreu em 1616.

Os dois, no entanto, confirmam a tese de que Shakespeare não escrevia seus textos sozinho. "Temos que aceitar que ele era mortal e precisava de colaboradores", diz Greenblatt. O que o autor britânico fazia também era recriar obras já existentes. "Mas ele tinha o dom especial de fazer com que o assunto tocasse pessoas de qualquer país. Não é necessário ser inglês para se identificar com sua obra".

Os estudiosos também responderam por que a frase "Ser ou não ser, eis a questão" se tornou a grife de Shakespeare. Para Shapiro, a frase é memorável porque não dá respostas, mas levanta questões sobre a nossa existência. "Devo viver, devo morrer?".