Eu não acreditava que amor pode virar amizade até acontecer comigo
Sabe quando, ao fim de um relacionamento, a gente ouve um casal dizer: "Não é que não deu certo. Deu muito certo, só que por um tempo"? Achava que era clichê.
É meio difícil acreditar, sempre me deu a impressão de que essa era uma desculpa fácil pra quem não quer assumir que a relação fracassou. Até acontecer comigo. E quando aconteceu eu não consegui ignorar anos de momentos incríveis e focar apenas nas incompatibilidades. Foram muitas risadas, viagens e sonhos concretizados pra serem sepultados como um passado morto. Então o clichê mostrou-se genuíno.
Quando findam as relações, das maravilhosas às ruins, ficam lembranças, lições. Não passamos incólumes. E isso é ótimo. O que é a vida senão uma constante metamorfose? Tudo nasce, cresce e se transforma. Amizades viram amor. Amores viram amizade. E alguns amores vão durar pra sempre com paixão, companheirismo e muita, muita paciência.
Como então identificar nossas caras-metades? Onde vivem? De que se alimentam? Eu adoraria dizer que as respostas seriam exibidas sexta-feira no Globo Repórter, ou melhor, aqui, no último parágrafo. Mas ninguém as têm apesar de milhares de pessoas, ao longo de toda nossa existência, se empenharem em explicá-las.
Eu fico com a inspiração mais simples e contemporânea: "amor é sorte", de um texto do Arnaldo Jabor que virou música nas mãos do casal Rita Lee e Roberto de Carvalho, juntos há mais de 40 anos.
Com ou sem sexo; vivendo sob o mesmo teto ou em casas separadas; curtindo a dois ou aproveitando a onda moderna do poliamor, o que vale é ser feliz. E se a relação acabar, tão importante quanto preservar as boas memórias é lembrar que todo fim é uma bela oportunidade de recomeço.
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