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Lajes em favelas viram hortas orgânicas

Após curso de quatro meses, moradores improvisam plantações de alface, tomate, salsa, rúcula e outras hortaliças

Iniciativa é de ONG que formou 16 moradores do morro da Babilônia e do Chapéu Mangueira, na zona sul do Rio

DIANA BRITO
DO RIO

Diante dos olhos, o mar. Sobre as cabeças, cebolinha, rúcula, rabanete e feijão.

Munidos de conhecimento sobre agricultura urbana orgânica, moradores do morro da Babilônia e do Chapéu Mangueira, no Leme, zona sul do Rio, estão plantando hortas em canteiros improvisados nas lajes de suas casas para melhorar a alimentação e aumentar a renda familiar.

A iniciativa partiu da ONG CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) que, num curso de quatro meses, formou 16 moradores.

Auxiliar administrativa de uma escola pública e moradora do morro da Babilônia, Maria Lúcia Teodoro Pereira, 46, diz que divide seu tempo com o trabalho e os cuidados de que a horta necessita.

"É bom mexer na terra e ver o resultado aparecer. Nossa ideia é que as hortas passem a produzir para consumo próprio e para a venda", disse a moradora da Babilônia, que se diverte contando que aproveita as folhas secas, mas evita cascas de frutas cítricas no adubo porque "as minhocas não gostam".

Com uma vista panorâmica da praia do Leme, o aposentado João Baptista da Silva, 55, rega e distribui serragem pela horta para protegê-la do excesso de sol.

Orgulhoso, ele admira as mudinhas de hortaliças que surgem de sementes plantadas em telhas na laje de sua casa no Chapéu Mangueira.

Depois de sofrer dois infartos em 2010, ele afirma que melhorou seus hábitos alimentares ao entender a importância dos legumes e hortaliças livres de agrotóxico.

"Com a plantação na laje senti diferença dentro de casa. Ficou bem mais fresco."

Outros moradores improvisam nas lajes pequenas plantações de alface, tomate, salsa, rúcula e outras hortaliças, e as fertilizam com adubos artesanais que aprenderam a preparar em curso.

"Nesse projeto piloto, eles tiveram aulas teóricas e práticas sobre hortas, preparação de alimentos, alimentação viva, suco verde, agricultura orgânica versus agricultura natural e o destino do lixo", disse Marina Grossi, presidente executiva do CEBDS.

Grossi afirma que há planos de expansão do curso para outras comunidades da cidade. Segundo ela, as prefeituras de São Paulo e Belo Horizonte também demonstraram interesse em implantar o projeto em áreas carentes.

"O objetivo é ensinar os moradores a praticarem o plantio contínuo em pequenos espaços. Vamos ter uma reunião com o Sebrae para dar continuidade ao ensino com uma visão mais empreendedora. Eles sabem fazer hortas em outros lugares e isso já é um serviço", conta o agrônomo Suya Presta, coordenador do curso de agricultura urbana orgânica do Iser (Instituto de Estudos da Religião), parceiro do projeto.

A renda investida no curso vem de parcerias com empresas privadas.

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