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Duda Beat, a rainha da sofrência: "Toda tristeza vem com uma revolução"

Manuela Scarpa/Brazil News
Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News

Gustavo Frank

Da Universa

10/06/2019 13h13

Não faz muito tempo que Duda Beat ganhou fama, após deixar para trás o sonho de ingressar na faculdade de medicina, que tomou sete anos da sua vida no cursinho pré-vestibular e muito da sua calma. Com músicas sobre decepção amorosa, a cantora ficou conhecida como "rainha da sofrência pop". Mas, para além da sofrência, é preciso dar ouvidos à máxima da recifense: "eu não vou procurar a felicidade em mais ninguém".

Uma das atrações do 23º Festival da Cultura Inglesa, que aconteceu no domingo (9), em entrevista à Universa, Duda, 31, refletiu sobre o título dado a ela e afirmou a música como um instrumento de amor-próprio -- ou até mesmo de cura.

"É um alívio colocar tudo isso na música, porque foi ela que me curou. Eu estava emocionalmente muito instável e triste, infeliz profissionalmente e amorosamente. Mas a música me salvou, me tirou daquela tristeza que eu estava. Pela primeira vez eu fiz algo para mim. Eu brinco que só comecei a falar as minhas dores para uma quantidade maior de pessoas, porque eu já enchia o saco das pessoas ao meu redor", diz.

"Lidar com relacionamentos e 'morrer' todo dia é muito difícil"

Em seu trabalho, Duda reflete suas experiências de relacionamentos abusivos, algo que, para ela, está diretamente ligado ao empoderamento das pessoas.

"Os relacionamentos que eu tive não tiveram abuso físico, mas psicológico, que é tão grave quanto ou até mais. Passei muitos anos ficando com pessoas que me enrolavam, enchiam de esperança. Lidar com isso e 'morrer' todo dia é muito difícil. Tem a ver também com empoderamento."

"A mulher deve ser respeitada e lutar por esse respeito"

Duda Beat - Manuela Scarpa/Brazil News - Manuela Scarpa/Brazil News
Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News

A cantora faz questão de gritar "para o mundo ouvir" o respeito às mulheres. "Apesar de as minhas músicas terem teor mais emocional e amoroso, também têm feminismo. Sobre como a mulher deve ser respeitada e lutar por esse respeito. Eu cansei, não vou buscar a felicidade em ninguém. Agora sou mais eu", diz ela, que milita ainda pela comunidade LGBT+. "Tenho apoio incondicional. Em todo show eu falo que estou ao lado deles. Não é meu lugar de fala, porque sou hétero, mas quando eles precisarem contar comigo, eles podem. Estamos juntos".

"Na moda, não precisa ter regra, tem que usar o que está a fim"

A recifense, que abriu sua apresentação com um vestido rosa e meia arrastão, afirma que a moda é uma forma de se comunicar. "Na moda não precisa ter regra, tem que usar o que está a fim. Na moda e na vida. Eu conto com um time muito bom. No início eu mesma fazia. Herdei o gosto da minha mãe e irmã e isso despertou o gosto pela beleza no futuro. Como boa libriana, existe o gosto pela estética. Meu estilo é bem camp".

"Toda tristeza vem com uma revolução"

E por fim, mas não menos importante, já que Duda conseguiu unir todo mundo que está passando por dificuldades amorosas, o conselho deixado por ela é o seguinte: "aproveitar a bad".

"Por incrível que pareça, o conselho é aproveitar a bad. Por que toda tristeza vem com uma revolução. A gente sempre sai mais forte. É fundamental você viver seu luto, mas tem que se dar um prazo para esse luto. Seguir em frente, fazer planos. Quando eu ficava triste eu fazia planos, porque isso me ajudava. É preciso se cuidar, se poupar. Mudar o cabelo se tiver a fim. Fazer para si e não para o outro".