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Adriana Miranda

Reinvenção e longevidade: como tornei o tempo meu aliado após me aposentar

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Imagem: iStock

Colunista do VivaBem

09/10/2019 04h00

Todo nascimento traz em si um começo e um fim. A chegada de uma criança representa o encerramento de uma fase da vida de seus pais, e o início de um processo de amadurecimento conjunto que, na melhor das hipóteses, levará décadas.

E hoje vou falar do nascimento de uma "nova eu", que aconteceu após a aposentadoria —momento da vida em que muitos já estão em "marcha lenta". O nascimento de uma Adriana renovada, mais ativa, presente e realizada do que nunca! Hoje, após uma vida em iguais medidas desafiadora e gratificante, tenho orgulho de dizer que embarquei em uma nova e fascinante jornada de autoconhecimento, inspiração e conquistas. Um constante processo de evoluir rumo a novos patamares —que também são novos desafios.

Voltando um pouquinho no tempo, me formei em direito e tive uma bem-sucedida carreira como procuradora do estado de São Paulo. Após mais de três décadas, dois casamentos e inúmeras alegrias, tristezas, realizações, frustrações e muito aprendizado, eu me vi aposentada, com a certeza do dever cumprido, mas carente de motivação e propósito.

O que fazer dali para frente? Pensava em alternativas como trabalhar em um escritório de advocacia. Porém, depois de tantos anos de trabalho duro em escritório, uma voz na minha cabeça, ainda tímida e distante, me instigava a experimentar algo novo, diferente. A ansiedade em relação ao que fazer com os anos que me restavam me atormentava.

Em paralelo, nesse período da aposentadoria tive o tempo livre e a clareza necessários para aplicar de fato todo o conhecimento e prática que reuni ao longo dos anos sobre qualidade de vida, exercícios, condicionamento físico e alimentação. A minha dedicação e disciplina chamavam a atenção e todos queriam saber o que eu fazia. E eu passei a me sentir responsável por isso.

Nesse momento, minha trajetória, como as de milhares (se não milhões) de pessoas em todo o planeta foi diretamente impactada pelo impressionante avanço das tecnologias de comunicação. Se em outros tempos eu continuaria sendo apenas aquela que conversa sobre alimentação e treino com pessoas mais próximas, em pleno século 21 também pude compartilhar minha experiência nas redes sociais.

O mundo digital ainda era estranho para mim, e a adaptação não foi fácil.

Passei a postar textos e vídeos diários e o trabalho cresceu. Logo, estava dando entrevistas e sendo alvo de reportagens em sites, jornais, revistas e programas de televisão. Daí em diante, essa bola de neve só aumentou, e hoje tenho seguidores que nem mesmo falam português, mas acompanham de maneira ávida meu dia a dia.

Mas a notoriedade está longe de ser a maior recompensa que obtenho a partir dessa metamorfose e novo começo já depois da aposentadoria. O mais gratificante é receber relatos de pessoas que superaram uma autoestima baixa e até casos de depressão com a minha ajuda. É saber que inspiro meus seguidores a se movimentarem e se tornarem pessoas melhores, não apenas mais comprometidas com o próprio bem-estar e saúde, como também em tornar o mundo um lugar melhor para todos nós.

Entendi que a aposentadoria não é o fim da linha! Sempre é tempo para elaborar novos projetos, traçar planos e ter muitas realizações. Assim como eu, muitas pessoas conseguem se reinventar após parar de trabalhar.

O caminho até aqui foi longo, nada foi fácil ou repentino. Mas, hoje, conforme os ponteiros do relógio e os números do calendário avançam, não sinto mais medo ou hesitação pelo que vem pela frente. Traço meu próprio caminho, desenho (e alcanço!) meus objetivos. Agora, o tempo está do meu lado.

*Adriana Miranda (@adrianammiranda) é palestrante e, aos 63 anos, entusiasta da vida saudável e das atividades físicas. Está sempre em busca de segredos para ter mais disciplina, foco e determinação, para manter a saúde física e um estilo de vida leve e positivo.