Foto: divulgação

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Por Karyn Repinski

Este é, literalmente um movimento: depois de várias idas e vindas de popularidade nas últimas décadas, a hidroterapia de cólon, um nome, digamos, mais científico para a limpeza ou lavagem intestinal, parece estar de volta – e está ganhando fama por seu ataque certeiro contra uma série de males do organismo, para manter a boa saúde e, claro, secar a barriga. O tratamento, que visa limpar o intestino inundando-o com grandes quantidades de água, costumava ser um segredo guardado a sete chaves, no máximo discutido em sussurros. Agora, modelos anunciam aos quatro cantos suas experiências via Twitter, e os aparentes benefícios da técnica são cada vez mais tema das conversas sobre saúde.

Gwyneth Paltrow, que já divulgou que sempre começa um detox com hidroterapia (“as coisas definitivamente começam a acontecer”), tem papel importante nesse ressurgimento. Além de postar os lugares favoritos que oferecem esse tipo de tratamento em seu site, o Goop, ela também abordou o assunto em uma sessão de perguntas e respostas com o médico Alejandro Junger, expert em saúde digestiva do site. A ideia de que a limpeza intestinal é necessária para remover qualquer toxina que esteja circulando no organismo e, consequentemente, provocando distúrbios que vão de constipação a problemas de pele, está claramente ecoando na população em geral. O Spa We Care, que fica em Desert Hot Springs, na Califórnia, e oferece limpeza intestinal como parte de seu programa de detox há 30 anos, tem visto tanto crescimento na demanda que inaugurou outro espaço para atendê-la, diz Bridgette Becker, hidroterapeuta do We Care. Embora o spa receba frequentemente celebridades hollywoodianas, Bridgette diz que a clientela hoje é muito mais diversa do que uma década atrás.“As pessoas estão começando a se abrir e explorar mais medidas preventivas”,diz.

A maior parte dos hóspedes faz um programa de detox de três, seis ou oito dias (o que inclui uma limpeza diária), mas muitos moradores de Los Angeles fazem um bate-volta, numa viagem de cerca de quatro horas, apenas pela lavagem.“Sinto-me mais leve e meu estômago parece que diminui de tamanho.Até meus olhos ficam mais brancos e minha pele visivelmente melhor. Estou mais limpa”, diz a hairstylist Sally Hershberger, que visita o We Care duas ou três vezes por ano. Uma boa limpeza também tem seus créditos no quesito emocional.“Na primeira vez em que fiz, senti uma euforia súbita”, diz Vanessa Packer, cofundadora da ModelFit, a academia em Nova York onde Miranda Kerr e Karlie Kloss mantêm suas silhuetas.“Tinha uma sensação de leveza e ausência de peso que me surpreendeu.”

Mas se a limpeza intestinal é necessária, ou mesmo segura, isso ainda está longe de ser um consenso. Médicos em geral são claros: ela não é recomendável nem útil – especialmente se você tem um histórico de doenças gastrointestinais, cirurgias do aparelho digestivo, hemorroidas, problemas no rim ou no coração. Os riscos podem ser tão graves quanto uma perfuração do intestino.“Pacientes podem ver a lavagem como uma forma de‘melhorar o bem-estar’, mas, na realidade, podem estar fazendo mal a si próprios”, diz Ranit Mishori, professor da Georgetown University School of Medicine, nos Estados Unidos. Sua pesquisa, feita em 2011, com base em toda a literatura médica disponível, não encontrou provas de qualquer eficácia concreta e ainda apontou uma série de efeitos colaterais, de cólicas a insuficiência renal. O risco de efeitos mais graves é menor quando o procedimento é feito por uma equipe treinada. Assegure-se de que o terapeuta faça uso de ferramentas de plástico descartáveis ou metálicas esterilizadas em autoclave. A água deve ser filtrada e regulada para estar próxima à temperatura corporal.

Se você gosta da ideia de dar um empurrãozinho em seu sistema, mas não se arriscaria ao jato d’água, Junger recomenda adicionar um suplemento à base de citrato de magnésio à rotina. E, claro, importantíssimo: coma mais alimentos ricos em fibra, beba dois litros de água por dia e exercite- se regularmente. Esses, sim, são métodos mais do que comprovados para manter o organismo em movimento.