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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Conheça o treino que faz Gracyanne Barbosa chorar

Thamires Andrade

Do UOL

10/02/2017 17h43

Adepta do lema dos marombeiros “No Pain, No Gain” [Sem Dor, Sem Ganhos, em livre tradução] Gracyanne Barbosa impressionou os fãs ao mostrar seu treino na academia para manter o corpão. Em um vídeo publicado no Instagram, a musa fitness faz caretas e até chora durante os exercícios. Apesar de muita gente achar estranho a atitude da modelo, o personal trainer dela, Janu, e a personal trainer e fisiologista do exercício, Drucilla Donatto, são categóricos: essa “sofrência” é normal entre os praticantes de um treinamento de força.

No caso de Gracyanne, ela treina até a falha muscular com técnicas de drop-set: cada série que ela faz, a carga é diminuída, mas ela precisa fazer o máximo de repetições que conseguir. Ou seja, nada daquela planilha de treino com três séries de 15 repetições.

O objetivo desse treinamento até a falha é a hipertrofia, já que ao chegar à exaustão, mais fibras musculares são rompidas, gerando a hipertrofia [crescimento muscular]. “É por isso que, no vídeo, ela aparece com as pernas tremendo. Ela começou a execução do exercício com uma carga pesada e depois vai diminuindo, até para priorizar a técnica da atividade. Como a carga vai diminuindo, o risco de lesionar é baixo. Fora que a Gracyanne é uma aluna muito treinada em que podemos aplicar vários estímulos para chegar à exaustão, como movimentos mais rápidos, mais lentos e até isometria”, explica Janu.

Para Janu, esse tipo de treino deve ser feito por alunos com nível intermediário ou avançado por terem mais aptidão física para executar os exercícios da forma correta. “Mas claro que depende do caso. Tem alunos que treinam há anos, mas não tem esse condicionamento”, fala.

Drucilla explica que esse tipo de treinamento precisa ser feito com a supervisão de um profissional de Educação Física com registro no CREF (Conselho Regional de Educação Física). “Ainda que toda sala de musculação tenha um profissional responsável, é importante fazer essa atividade com um personal que possa supervisionar os exercícios, como a Gracyanne faz”, fala a fisiologista.

Para médicos, treino de força não é para qualquer um

Na opinião de Alexandre Fogaça Cristante, ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e diretor da SBC (Sociedade Brasileira de Coluna), os extremos não servem para todo mundo e não dá para uma pessoa comum treinar que nem ela. “Se a pessoa tem vontade de desenvolver um treinamento mais forte, primeiro, ela precisa passar por uma avaliação médica individual para saber se há alguma limitação física ou ortopédica”, explica.

Para Daniel Kopiler, médico do esporte e presidente da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte), sentir dor é sinal de que alguma coisa não está legal. “A pessoa pode ter lesões articulares importantes no ombro, na coluna ou nos joelhos, fora o risco de um desgaste muscular importante, deixando até o dia-a-dia da pessoa mais difícil”, explica.

Para evitar esse tipo de lesões em Gracyanne, Janu prioriza esse treino mais técnico e evitando cargas exageradas. “É o peso em excesso que aumenta esse risco. A carga escolhida é bem adequada ao físico dela”, explica.

Já Cristante compara o treino de Gracyanne a de um atleta de alto desempenho, como um velocista ou jogador de futebol profissional. “A pessoa faz sacrifícios, desde alimentação até um treino que uma pessoa normal não suportaria e poderia se lesionar. Esses atletas também contam com acompanhamento especial de treinador, fisioterapeuta e nutricionista para alcançar os melhores resultados possíveis”, fala.