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Com homenagem ao samba, grife de Emicida emociona na SPFW

Evandro Fióti, Emicida, Fabiana Cozza e Wilson das Neves no desfile da LAB - Patricia Colombo/UOL
Evandro Fióti, Emicida, Fabiana Cozza e Wilson das Neves no desfile da LAB Imagem: Patricia Colombo/UOL

Patrícia Colombo

Do UOL, em São Paulo

17/03/2017 22h14

Quando estreou na São Paulo Fashion Week em outubro passado, o desfile da marca LAB foi tão impactante que o registro em vídeo viralizou nas redes sociais. Tudo porque, mais do que apresentar uma coleção de roupas, a grife dos rappers Emicida e Evandro Fióti levou para a passarela a pluralidade do brasileiro e a valorização da negritude em uma apresentação que teve mais pegada de performance do que de desfile de moda. Não à toa, a apresentação da nova coleção da marca --que ainda traz o estilista João Pimenta na direção criativa --, nesta sexta-feira (17), era a mais aguardada e encarregada do encerramento do evento.

Com o tema "Herança", o time revisitou memórias afetivas de infância, todas atreladas à história do samba. A cultura de rua, os bailes, as danças, os amigos, o calor da percussão. Nas peças, detalhes bordados traziam santos, orixás, batuques e cores.

A pensata sobre o que seria a nova coleção teve início logo após o sucesso da apresentação da anterior. Fióti conta que o intuito, mais do que simplesmente falar de moda e trabalhar com isso, era relacionar a área com o que tivesse um significado imenso para os envolvidos. Já que em 2016 festejava-se o centenário do samba, a conexão foi imediata. "Queríamos trazer o samba de volta para rua", explica. "O rap hoje é o gênero mais impactante e ouvido no mundo. Usar a nossa história no hip-hop nacional independente para homenagear e dar visibilidade para esse gênero que nos tornou quem somos foi uma oportunidade de agradecimento."

Emicida no backstage da LAB, na SPFW N43 - Patrícia Colombo/UOL - Patrícia Colombo/UOL
Emicida no backstage da LAB, na SPFW N43
Imagem: Patrícia Colombo/UOL
"Hoje a gente vai ver uma formatura", disse Emicida, antes do desfile. "O hip-hop é uma criança perto do samba. Vimos essa criança dar orgulho para os pais e agradecer a eles e dizer 'sem vocês eu não estaria aqui'."
"Obrigado, Clementina [de Jesus]. Obrigado, Jovelina [Perola Negra]", versou Emicida na abertura do desfile. Ao vivo, um pout pourri dos clássicos "Acendeu a vela", "O Morro Não tem vez" e "Opinião" com vocais da cantora Fabiana Cozza e beats pesados compuseram a trilha.
 
As peças vieram mais sofisticadas, com bordados ricos feitos pela artesã e mãe de Emicida, Dona Jacira. Além de recortes de alfaiataria inseridos no streetstyle da grife.
 
Ao final da apresentação, Emicida e Fióti se juntaram a Fabiana, convocam Dona Jacira que estava sentada na primeria fila, e o baterista Wilson das Neves, um dos nomes mais gloriosos da historia do nosso samba.
 
DIVERSIDADE NA PASSARELA

Se as grifes tradicionais ainda pouco investem em modelos foras dos padrões de beleza para apresentar suas peças, novamente a LAB deu exemplo de representatividade ao levar para a passarela negros, brancos, ruivos, magros, gordos.

"Você vê todas essas pessoas na calçada", diz Emicida. "O casting, pra mim, é sempre uma experiencia porque é muito delicado definir o que é bonito. É uma variante. O que a gente busca é verdade e estilo. Buscamos pessoas que reconheçam isso em si e na nossa marca e queiram fazer parte dessa história."