Doença celíaca: como alguém que não pode comer glúten deve se alimentar?
A doença celíaca é um problema autoimune que acomete o intestino delgado, desencadeado pela presença de glúten no trato digestório de indivíduos geneticamente predispostos a desenvolver a doença.
O glúten refere-se ao termo utilizado para descrever frações de proteínas encontradas em alguns cereais, como trigo, centeio, cevada, aveia e em seus derivados. O consumo de alimentos que contêm glúten por portadores da doença celíaca prejudica o intestino delgado, atrofiando e achatando as vilosidades do intestino e levando à limitação da área disponível para a absorção de nutrientes.
O glúten é digerido de maneira incompleta por enzimas gástricas, pancreáticas e intestinais, deixando grandes peptídeos com até 33 aminoácidos de comprimento. E esta fração proteica é então reconhecida pelo sistema imune do indivíduo, gerando uma diversidade de sinais e sintomas característicos da doença. Atualmente, estima-se que 1% da população mundial seja portadora da doença. Entretanto, verifica-se nas últimas décadas aumento constante no número de casos diagnosticados.
Os sintomas clássicos da doença incluem diarreia crônica e perda de peso. Outros problemas comuns incluem deficiência de micronutrientes como ferro, inchaço, constipação, fadiga crônica, dor de cabeça, dor abdominal, osteoporose, artrite, dermatite, baixa estatura em crianças.
O tratamento da doença celíaca é pautado na dieta de restrição de glúten, a qual consiste na exclusão de alimentos que contenham esta fração proteica, como trigo, cevada, centeio e malte. A aveia não tem glúten em sua composição natural. Porém, muitas vezes o alimento é processado nas mesmas máquinas que processam outros cereais com glúten e, por isso, sofre uma contaminação cruzada –mas hoje em dia já é possível encontrar aveia sem glúten na maioria dos mercados.
Para garantir uma dieta isenta de glúten, o indivíduo deve sempre estar atento à lista de ingredientes que compõem as preparações alimentares e fazer leitura atenta dos ingredientes listados nos rótulos de produtos industrializados.
Apesar de muitos produtos não conterem em seus ingredientes fontes de glúten, durante o processo de fabricação pode ocorrer a contaminação cruzada pelo contato com outros alimentos fontes de glúten ou pelas superfícies onde foram manipulados alimentos fontes de glúten. Este tipo de contaminação já se torna suficiente para o portador de doença celíaca manifestar sintomas da mesma.
No Brasil, a Lei nº 10.674 obriga que todos os produtos alimentícios tenham descritos no rotulo o seguinte termo CONTÉM GLÚTEN ou NÃO CONTÉM GLÚTEN . Também surgiram associações que reúnem esforços para orientar e passar informações aos portadores da doença e seus familiares, como a Acelbra.
Dieta isenta de glúten
A dieta isenta de glúten é aquela em que não se consome as fontes alimentares de glúten, ou seja, trigo, centeio, cevada e seus subprodutos.
De acordo com a Acelbra, os alimentos permitidos e proibidos nesta doença incluem:
Os alimentos listados acima são permitidos e proibidos considerando-se única e exclusivamente a presença ou ausência de glúten. Ressalto que as escolhas alimentares também devem se pautar na qualidade dos alimentos e produtos alimentícios, considerando-se as recomendações mais atuais no Guia Alimentar para a População Brasileira, que recomenda que a alimentação seja baseada principalmente em alimentos in natura e minimamente processados.