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Extrato da casca de jabuticaba pode evitar pré-diabetes e gordura no fígado

Em pesquisa feita na Unicamp, composto diminuiu o ganho de peso e preveniu o aumento do acúmulo de gordura no fígado de camundongos - iStock
Em pesquisa feita na Unicamp, composto diminuiu o ganho de peso e preveniu o aumento do acúmulo de gordura no fígado de camundongos Imagem: iStock

Do UOL VivaBem*, em São Paulo

06/11/2018 09h30

O extrato da casca da jabuticaba foi capaz de prevenir o pré-diabetes e o aumento do acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática) em camundongos, em um estudo realizado por um grupo de pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas e da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.

A pesquisa, publicada no periódico Journal of Functional Foods, ainda revelou que a ingestão do extrato da casca da jabuticaba por camundongos mais velhos que eram submetidos a uma dieta com alto teor de gordura causou a diminuição no ganho de peso, do aumento de gordura no sangue e da hiperglicemia [excesso de glicose no sangue], e melhorou o HDL [colesterol bom] dos animais, entre outros benefícios.

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Os pesquisadores conseguiram produzir um extrato da casca da fruta que pode ser administrado de forma controlada e com grande concentração de substâncias bioativas, como compostos fenólicos, como as antocianinas, presentes também no vinho tinto, com efeitos positivos no metabolismo orgânico. O extrato resultou no depósito de uma patente, que está em processo de licenciamento por uma empresa brasileira.

Pesquisa foi feita com ratos idosos

Os pesquisadores fizeram um experimento com camundongos em processo de envelhecimento a fim de avaliar o limite da dose de extrato da casca de jabuticaba que pode ser consumida para promover os efeitos benéficos desejados e se uma dose alta do composto amplificaria os efeitos.

Os camundongos ainda seguiram uma dieta rica em gordura, para ganharem de peso, aumentarem a gordura no fígado, a dislipidemia (gordura no sangue) e os níveis de glicose. A dieta possuía cinco vezes mais lipídeos do que uma dieta normal.

"Estudos apontavam que se os animais consumissem essa dieta hiperlipídica por 60 dias seria suficiente para desenvolverem pré-diabetes e alterações hepáticas. Pensamos em fornecer o extrato por esse tempo para verificar se, no final, eles não teriam esses problemas", diz Celina de Almeida Lamas, doutoranda no IB-Unicamp e uma das autoras do estudo.

Os camundongos foram divididos aleatoriamente em grupos, dos quais um foi composto por animais jovens, com três meses de idade, que recebeu uma dieta padrão. Outro foi formado por camundongos com 11 meses de idade, também com dieta padrão. O terceiro grupo foi integrado por camundongos com 11 meses de idade, submetidos a uma dieta rica em gordura.

Um quarto e quinto grupo, compostos por animais envelhecidos, receberam, respectivamente, uma dose de 2,9 ou 5,8 gramas de extrato por quilo de peso e uma dieta padrão durante 60 dias.

Um sexto e um sétimo grupo, compostos por animais envelhecidos, receberam, respectivamente, uma dose de 2,9 ou 5,8 gramas de extrato por quilo de peso e uma dieta rica em gordura durante 60 dias.

Pré-diabetes, colesterol e fígado

As análises revelaram que ambas as doses do extrato da casca de jabuticaba aplicadas nos camundongos envelhecidos impediram o ganho de peso, diminuíram o processo inflamatório e causaram uma redução da hiperglicemia e da dislipidemia —o que preveniu o pré-diabetes.

Além disso, aumentaram os níveis de HDL e a atividade de receptores relacionados à insulina e de algumas moléculas relacionadas à proliferação de peroxissomos —bolsas membranosas que possuem alguns tipos de enzimas digestivas.

"Também percebemos que o extrato da casca de jabuticaba promoveu uma melhoria na morfologia do fígado dos animais", afirma Valéria Helena Alves Cagnon Quitete, professora do IB-Unicamp e coordenadora do projeto.

Os pesquisadores também observaram que a dose maior de extrato da casca de jabuticaba, com 5,8 gramas de extrato por quilo do peso do animal, foi mais eficiente na promoção desses efeitos benéficos em comparação com a dosagem menor.

"A dose duplicada apresentou melhores efeitos em vias metabólicas importantes ligadas à obesidade, ao pré-diabetes e à restauração da estrutura do fígado dos camundongos envelhecidos", conclui Quitete.

Tratamento do câncer de próstata

Os pesquisadores também estão realizando um estudo em que avaliam o uso do extrato da casca de jabuticaba no atraso da progressão do câncer de próstata em camundongos transgênicos.

Os resultados preliminares indicaram que o composto foi capaz de diminuir as lesões na próstata dos animais. "Percebemos uma melhora substancial na morfologia da próstata dos camundongos, além da diminuição do estresse oxidativo e da inflamação", conta Quitete.

"A diminuição da inflamação e o equilíbrio do estresse oxidativo levaram a uma melhora tecidual e molecular da próstata dos animais", diz ela.

*Com informações da Agência FAPESP

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