Crianças encaram tratamento com mais alegria que adultos
“Em nenhum momento eu perdi a esperança. Quando ficava com medo, rezava e pensava que logo voltaria para a escola e brincaria com meus amigos”, lembra Thaiza sobre a época do seu tratamento. Apesar de não entender direito o que estava acontecendo, ela encarou, segundo seus pais, tudo com muita naturalidade.
Eu chorava mais que ela. Quando vi que ela perderia os cabelos, perdi o chão. Mas no dia de raspar a cabeça, ela estava lá, rindo.
Cristiane Reis, mãe de Thaiza.
As crianças costumam encarar momentos difíceis como esse de forma mais positiva que os adultos. “Geralmente, ela tem mais esperança que o adulto, no caso de doenças graves como o câncer”, diz Ana Beatriz Rocha Bernat, psicóloga do Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital do Câncer, do Inca.
Talvez porque elas também tenham uma outra concepção da morte e da finitude. Segundo Ana, a perda e o fim das coisas são mais simples e ingênuas para elas do que para os adultos, tornando o processo bem mais difícil para os pais, que imaginam coisas horríveis e se enchem, naturalmente, de preocupações.
“Era doloroso para nós, mas sempre conversamos com ela, explicando quando ela tinha que voltar ao médico para tomar remédios”, diz Francisco Reis, pai da menina. “Ela se tornou uma criança ansiosa e sempre perguntava quando ia sair do hospital e voltar para a escola. A gente procurava acalmá-la, sempre dizendo que em breve ela ia sair de lá e que ficaria tudo bem.”
Segundo Ana, o ideal é sempre conversar e esclarecer os processos para a criança. “Quanto mais desavisado é um procedimento, mais doloroso e invasivo ele tende a ser. Se explicamos a uma criança o que vai acontecer, deixamos claro a ela que cuidamos dela.” A psicóloga acrescenta: “É muito importante tomá-la como sujeito capaz de interpretar a experiência que está vivendo, dentro de seus recursos.”