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Mayumi Sato

Número de idosos portadores do HIV cresceu 100% na última década

Mayumi Sato

16/11/2017 08h00

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Ainda que atualmente apenas 1% dos nossos usuários ativos do Sexlog (rede social de swing) tenha mais de 60 anos, notamos uma tendência entre casais mais velhos e com relações consolidadas a não se preocuparem com o uso, entre si, de preservativo.

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Como diretora de marketing da plataforma, queria conscientizar sobre importância da prevenção de DSTs e do debate sobre o tema, engajando nossos clientes e revertendo esse engajamento (likes e comentários nas fotos da campanha) em uma doação em dinheiro para uma instituição responsável pelo cuidado de idosos.

O choque aconteceu quando todas as 30 instituições consultadas responderam que não poderiam aceitar doação de uma marca relacionada a sexo. A ação não aconteceu.

5% da população acima de 65 anos é portadora do HIV

Existe uma previsão de que até 2050 a população de idosos no Brasil triplique, chegando a 19 milhões de brasileiros em 2060. Um idoso a cada três pessoas.

O que nós chamamos hoje de idoso se distancia cada vez mais da imagem dos avôs e avós do passado. Nas últimas 8 décadas a expectativa de vida do brasileiro pulou de 45 para 75 anos. Mais da metade das pessoas com mais de 64 anos está empregada formalmente com salário médio 33% acima da média nacional. Com acesso à renda e a avanços da medicina no que diz respeito a regulação hormonal, medicamentos para disfunção erétil via oral, injetáveis e as próteses penianas, esse idoso é ativo em todas as esferas de sua vida, inclusive a sexual.

No entanto, o resultado é preocupante quando, infelizmente, essa atividade sexual vem acompanhada de moralismo, pouca informação e prevenção.

De acordo com o Ministério da Saúde 4 a 5% da população acima de 65 anos são portadores do vírus HIV, um aumento de 103% na última década. Entre 2014 e 2015 o número de pessoas com mais de 50 anos que adquiriu sífilis subiu 28%. Os números não são mais animadores no que diz respeito a outras DSTs como gonorreia, herpes, etc

Se as pessoas estão ativas para estudar e trabalhar, também estão para se relacionar, namorar e, pasmem, transar.

Mulheres idosas são infectadas por parceiros estáveis

Não falar sobre o assunto e reforçar o uso de preservativo não anula a sexualidade do idoso. E nessa dança, infelizmente, ainda são as mulheres que acabam sofrendo ainda mais. O Ministério da Saúde não divulga dados por sexo, mas nossa pesquisa em consultórios especializados indica um número considerável de mulheres idosas em relacionamentos estáveis infectadas pelos seus parceiros.

Todos esses dados são bastante alarmantes, por isso nossa decepção foi tão grande quando tivemos nossa proposta de colaboração com instituições de cuidados de idosos negadas. Mas seguimos incentivando o debate.

Todo grupo é grupo de risco

Lembrar que não existe grupo de risco e nenhum de nós é imune é só um primeiro passo para a prevenção. Que tal aproveitar a deixa e falar com seus avôs e avós sobre preservativos? Incentiva-los a uma mudança de hábito para que eles percam a vergonha de comprar e usar camisinha pode fazer toda a diferença!

Fontes: Expectativa de vida do brasileiro; Aumento de idosos no Brasil; Média salarial de idosos; Um país de idosos; Número de idosos infectados por DSTs, Aumento da incidência HIV/Aids na população acima de 50 anos

Sobre a autora

Mayumi Sato é meio de exatas, meio de humanas. Pesquisadora e diretora de marketing do Sexlog quer ressignificar a relação das pessoas com o sexo e, para isso, acredita que é preciso colocar a mão na massa, o que inclui decodificar o comportamento humano. Ao longo dos anos, estudando e trabalhando com o mercado adulto, passou a fazer parte de uma rede de mulheres interessadas e ativistas no assunto, por isso sabe que não está – não estamos – só. Idealizadora do cínicas (www.cinicas.com.br) e feminista sex-positive.

Sobre o blog

Dados e pesquisas sobre sexo e o comportamento dos brasileiros entre quatro paredes. Muita informação, tendências, dados – e experiências próprias! - sobre o assunto. Um espaço para desafiar tabus e moralismos em torno do sexo.

Mayumi Sato