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Sintomas, Cuidados e Tratamento


"Tive um infarto e dirigi até o hospital. Não morri pois corro há 2 anos"

Guilherme costuma correr com a namorada Marion - Arquivo pessoal
Guilherme costuma correr com a namorada Marion Imagem: Arquivo pessoal

Elcio Padovez

Colaboração para o VivaBem

25/02/2018 04h00

Dor no peito, palpitações, falta de ar, fraqueza e "suor frio": esses são alguns dos sintomas que uma pessoa que está tendo um ataque cardíaco sente. No ano passado, Guilherme Madeira Dezem, de 41 anos, enfrentou o problema e conseguiu ir sozinho até um hospital para ser socorrido. O juiz de direito só não morreu porque, após 16 anos de sedentarismos, começou a praticar exercícios dois anos antes de sofrer o infarto. A seguir, ele relata como o esporte literalmente salvou sua vida:   

"Sou de Bebedouro, cidade no interior de São Paulo. Durante minha infância e adolescência, sempre realizei exercícios. Jogava vôlei e cheguei a fazer parte do time da cidade. Quando vim para São Paulo cursar direito na USP, também competi pela equipe da faculdade. 

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Mas minha vida de atleta durou até os 23 anos, quando passei no concurso para juiz de direito. Aí, me tornei uma pessoa sedentária, fumante e engordei: tenho 1,84 m de altura e cheguei a pesar 99 kg. Meu dia a dia era muito estressante.

Aos 39 anos, percebi que não demoraria muito para morrer se continuasse nessa toada. Decidi largar o cigarro e comecei a correr. O esporte abriu a porta para uma vida totalmente diferente, tanto que uma semana antes de fazer 40 anos completei minha primeira meia maratona (prova com 21,097 km). Além de melhorar meu condicionamento físico, o exercício me ajudou a emagrecer, a ter mais foco, a confiar mais em mim e a superar a depressão

A fatura de uma vida sedentária

No meio do ano passado, eu me preparava para dormir após mais um dia normal. Tinha acordado cedo para correr, trabalhado, estudado... Era 1h30 da manhã quando senti uma dor muito forte no peito. Só me lembro que deitei no chão e pensei: vou morrer, acho que estou infartando.

Não sei como consegui levantar e dirigir sozinho até o hospital. No caminho, eu chorava e negociava com Deus, para conseguir chegar até lá vivo. No pronto-socorro, foi confirmado que sofri um ataque cardíaco. Após quatro horas no centro cirúrgico, ganhei dois stents no coração.

Depois da operação, questionei os médicos sobre as causas desse infarto. Afinal, praticava regularmente atividade física e tinha uma alimentação regrada. E eles disseram: 'Isso foi a fatura da sua vida desregrada, do longo período de sedentarismo'.

Guilherme, infarto, corrida, percurso - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Pois é, os dois anos de corrida não foram suficientes para me livrar do infarto. Mas os cardiologistas atestaram que os treinos regulares me salvaram.

Segundo eles, tive 95% de obstrução do tronco do coração, não era para ter sobrevivido com esse agravante. E eu não só vivi, como tive uma recuperação extraordinária e voltei a trabalhar uma semana após o ataque cardíaco. Seis meses depois da cirurgia, os exames não apontaram lesão alguma no coração.

Benefícios para a mente

A corrida não só protegeu meu coração como também me auxiliou a ser menos ansioso. Fiz amigos na assessoria que treino, entro em contato com diferentes visões de mundo. Um dos principais ganhos que o esporte me dá é alcançar uma grande paz interna. Com isso, consigo pensar e raciocinar melhor sobre os casos que tenho de julgar ou as aulas que preciso dar. Também escrevo livros e já me peguei no meio da corrida tendo ideia de algum texto, de exemplos que posso utilizar.

A atividade física funciona como terapia para mim. Quando comecei a correr, sempre ouvia uma playlist. Depois, passei a treinar pensando sobre a minha vida e, atualmente, após ler sobre meditação e corrida, meu foco tem sido em esvaziar a mente e observar a respiração, apenas me exercitar.

Guilherme, infarto, corrida, medalha - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Gosto de inspirar as pessoas e costumo postar fotos correndo e depoimentos nas redes sociais. Sempre que conto o que vivi, meus alunos e amigos se sensibilizam. Já trouxe muita gente para a corrida, mas o conselho que dou é que você não precisa praticar exatamente essa modalidade para ter mais saúde. Busque um exercício que dá prazer. Qualquer um. O seu "futuro eu" certamente irá agradecer."

É perigoso dirigir ao sofrer um infarto?

Apesar de existirem dados que apontam que 50% das pessoas que sofrem um ataque cardíaco morrem na primeira hora, não é seguro alguém que está infartando ir sozinho de carro até o hospital para agilizar o socorro. "O coração do paciente pode parar de bater a qualquer hora e ele ter uma morte súbita, falecer na hora", explica João Vicente da Silveira, cardiologista do Hospital Sírio Libanês. 

Se isso acontecer no trânsito, pode provocar um grave acidente, colando em risco a vida de muitas outras pessoas. "Ao sentir que está infartando, o ideal é aguardar a ambulância ou pedir para um conhecido levar você rapidamente ao hospital. Nunca dirija", orienta o médico. 

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