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Regina Navarro Lins

Violência doméstica

Universa

30/06/2018 11h11

Dária Kapitanova sofreu violência doméstica e foi subestimada pela polícia

Em 2017, uma lei que descriminalizou a violência doméstica foi aprovada,  pelo congresso russo e por Vladimir Putin. Agora maridos agressivos só vão para a prisão se deixarem marcas a ponto de quebrarem ossos de suas mulheres.

Parece que entramos numa máquina do tempo e voltamos à Idade Média (séculos 5 ao 15). Nesse período, em vários lugares da Europa, o marido era considerado em tudo responsável pela conduta da esposa e tinha o direito e o dever de puni-la e de bater nela para impedir mau comportamento ou simplesmente para lembrar-lhe sua superioridade. Se não fossem quebrados ossos ou a fisionomia da esposa não ficasse seriamente prejudicada, poucas queixas surgiriam.

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Na Rússia, os números só vêm crescendo. O país mata 14 mil mulheres por ano por violência doméstica e uma mulher é assassinada a cada 40 minutos. Diretora de um centro de acolhimento a mulheres, Alyona Sadikova explica que cabe à vítima comprovar o crime. E elas não conseguem comprovar. 

Nem sempre as mulheres suportam tanta agressão. Na Penitenciária Feminina de Kanater, no Egito, há 20 anos, havia um pavilhão onde viviam1100 mulheres. Elas são conhecidas como as "matadoras de maridos". Impotentes e desesperadas, praticaram o mesmo crime: assassinaram seus maridos. Rejeitadas pelas próprias famílias, quase não recebiam visitas e, no entanto, a maioria declarou não se arrepender. Viveram tantos anos oprimidas e humilhadas dentro de casa, que mesmo na prisão se sentiam mais livres.

No Brasil, a cada três mulheres uma sofre violência doméstica. A violência não acontece de uma hora pra outra. Tudo tem início muito antes dos empurrões e dos golpes. Um olhar de desprezo, uma ironia, uma intimidação, são pequenas violências que vão minando a autoestima da mulher.

O ganho visado pela violência é sempre a dominação. Antes do primeiro tapa as mulheres devem cortar o mal pela raiz, reagindo à violência verbal e psicológica. Para isso é essencial que elas aprendam a perceber os primeiros sinais de violência para encontrar em si mesmas a força para sair de uma situação abusiva. Compreender por que se tolera um comportamento intolerável é também compreender como se pode sair dele.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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