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Blog da Georgia Castro

Qual informação buscar na tabela nutricional?

Georgia Castro

11/12/2017 04h00

Quantas vezes você passou algum tempo olhando aquele "quadrinho" na embalagem de um alimento e se perguntando o que tudo aquilo significaria? E quantas vezes checou as calorias informadas nos rótulos pensando na dieta?

O que a legislação manda é o seguinte: todos os alimentos embalados na ausência do consumidor devem apresentar a sua tabela nutricional.  Mas o que importa mesmo, no fim das contas, é assegurarmos que essa tabela está sendo devidamente consultada e entendida por cada um de nós no momento de decidir o que comprar. Ou melhor, decidir o que comer.

Nela, algumas informações não são opcionais. Em primeiro lugar destacam-se os nutrientes, grupos de substâncias que desempenham funções específicas no nosso organismo. A tabela obrigatoriamente mostra pelo menos o seguinte: quanto aquele alimento tem de proteínas,  carboidratos, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibras e sódio. E esses nutrientes devem estar mensurados em gramas por porção do alimento.

Outra informação relevante que você encontra na tabela — esta eu aposto que já sabe! — é o valor energético de cada porção. Ele está expresso em kilocalorias (Kcal).

A porção indicada na tabela é a quantidade média do alimento que, em tese, seria consumida por pessoas sadias, maiores de 3 anos de idade. Extrapolar já sabe… Mas é bom que eu lhe explique que se trata de uma porção definida em cada refeição — na ocasião de um lanche, um almoço, um jantar, por exemplo — e não o que você deveria comer ao longo do dia inteiro. E existe aqui uma pegadinha para consumidores desatentos.

Note que há uma enorme variedade de hábitos na população. Uma pessoa pode consumir duas fatias de pão de forma no café da manhã. Já outra, igualmente saudável do ponto de vista médico e nutricional, pode ter o hábito de comer quatro fatias de manhã cedo. Como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define a porção que irá parar na tabela como a média de consumo recomendada para um determinado alimento em cada refeição é bom observar sempre isso, pois pode não fazer o menor sentido para você.

A tal porção, definida para cada categoria de alimento, aparece na tabela nutricional expressada em uma unidade padrão de medida. Por exemplo, gramas, mililitros… Mas repare: em seguida, entre parênteses, você encontra a medida caseira correspondente, que será mais útil na hora em que estiver na cozinha, quando você não pensará em gramas, mas em xícaras, colheres de sopa, copos… Quando essa medida é quebrada — infelizmente, em alguns casos você encontra 1 ¼ de copo ou 1 ½ fatia —  isso parece um pouco mais confuso.

É ainda importante reforçar que frequentemente a porção representa uma parte do conteúdo total da embalagem, mesmo quando ela parece pequena, o que varia de produto para produto. Cuidado!

Mas, eis a principal questão, como podemos saber se estamos consumindo uma quantidade adequada dos nutrientes?

O próximo passo é dar uma olhada na última coluna da famosa tabela para analisar o % VD, que significa valor diário de referência. Ele é definido  para cada nutriente, comparando o que deveria valer para a dieta de 2 mil calorias.

Assim, um pote de iogurte de 200 ml, no qual você lê o número 10 no %VD referente às proteínas, oferece portanto 10% da necessidade diária desse nutriente.

Mas é fácil entender tudo isso? Certamente não!

Há mais de dez anos os governos e comunidades científicas investem em pesquisas com os consumidores para avaliar o entendimento da tabela nutricional, visando aumentar sua utilidade.

E penso que melhorar o entendimento da tabela não é dizer a você se algo é bom ou ruim, mas ajudá-lo a fazer suas próprias escolhas, de acordo com seus hábitos, suas questões culturais, condições financeiras e, não menos relevante, respeitando aquilo que lhe dá prazer de comer.

 

Sobre a autora

Engenheira de alimentos pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, e doutora em nutrição pela Universidade Estadual de Campinas e pelo INRA, na França, Georgia Castro passou mais de 20 anos na área de assuntos científicos e pesquisa aplicada de algumas das maiores indústrias de alimentos do mundo, conhecendo como poucos os bastidores da produção daquilo que chega à nossa mesa. Atualmente, trabalha como coach de saúde e bem-estar.

Sobre o blog

Um espaço para você saber a verdade e compreender a composição dos alimentos embalados, aqueles que compramos no supermercado, nos atacados, nas lojas de conveniências ou que pedimos em cantinas, lanchonetes, bares e outros locais tão presentes na vida cotidiana. Assim, com informação, você será capaz de fazer escolhas de forma mais consciente.

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