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Paola Machado

Abandonar o sedentarismo é uma das maneiras de prevenir bico-de-papagaio

Paola Machado

14/02/2019 04h00

Crédito: iStock

Você vai na consulta médica e, olhando o raio-X, seu médico diz que você tem bico-de-papagaio na coluna. Com o exame em mãos e o diagnóstico na cabeça, você não sabe exatamente o que fazer.

Saiba que a osteofitose ou popularmente conhecido como bico-de-papagaio é uma doença degenerativa que se caracteriza pelo crescimento excessivo e anormal de tecido ósseo ao redor de uma articulação, e pode surgir em uma ou mais regiões da coluna.

Seu aparecimento se dá como consequência da degeneração do disco intervertebral, levando à instabilidade do segmento da coluna, com micromovimentações que aproximam uma vértebra da outra, aumentando a força de impacto entre elas. Com isso, há uma força de tração das articulações para tentar manter o equilíbrio e aliviar a sobrecarga. Como consequência, ocorre a produção anormal do tecido ósseo, formando assim o bico-de-papagaio/osteófito, na tentativa de estabilizar o nível da coluna acometido.

Costuma ser mais frequente na população idosa, devido ao desgaste das articulações provindas do processo natural do envelhecimento, mas podem aparecer em indivíduos mais jovens. Os fatores de risco são sedentarismo, obesidade, fatores genéticos e ambientais.

A presença de bico-de-papagaio pode ser assintomática, quando há sintomas associados, a dor intensa na coluna é a primeira a ser relatada, resultante do pinçamento do osteófito em uma região nervosa ou muscular, podendo estar atrelado a outros sintomas, como fraqueza muscular, limitação do movimento articular, alterações sensitivas e de reflexo. Tudo isso afeta a qualidade de vida e pode causar múltiplos sintomas na coluna vertebral.

Uma das formas de prevenção é o combate ao sedentarismo, com a prática de atividade física regular e orientada, que estimula a qualidade de vida e alinhamento postural sem compensações nos segmentos corpóreos. Com esse cuidado, conseguimos diminuir a sobrecarga e desgaste na coluna, reduzindo o risco do aparecimento do bico-de-papagaio.

É importante ressaltar que toda e qualquer atividade física deve sempre ser realizada com orientação e supervisão de profissional qualificado. Em alguns casos, quando o exercício é feito de forma incorreta, pode ocasionar microlesões e favorecer o aparecimento dos osteófitos.

O tratamento da osteofitose é conservador ou cirúrgico, a depender do caso. O tratamento conservador é realizado com fisioterapia, após avaliação criteriosa, onde o enfoque estará no controle da dor, melhora da funcionalidade e prevenção de prejuízos acarretados pelo surgimento de osteófitos e orientações corretas.

No caso do tratamento cirúrgico, este é indicado por um médico quando há persistência dos sintomas, dano neurológico grave e alterações funcionais progressivas e sem melhora, mesmo após o tratamento fisioterapêutico.

Previna-se com bom hábitos e prática de atividade física regular. Lembre-se: ao primeiro sinal de dor na coluna, seja na região lombar, seja na torácica, seja na cervical, procure um profissional da área da saúde para avaliação e tratamento correto.

*Colaboração da fisioterapeuta doutora em Ciências de Saúde pela UNIFESP Dra. Renata Luri, do fisioterapeuta Dr. Welbert Lima e da fisioterapeuta Dra. Bruna Barreto

Referências:
– KLAASSEN, Zachary et al. Vertebral spinal osteophytes. Anatomical science international, v. 86, n. 1, p. 1-9, 2011.
– Wong, SHJ, Chiu, KY e Yan, CH (2016). Artigo de Revisão: Osteófitos. Journal of Orthopaedic Surgery, 24 (3), 403-410. doi: 10.1177 / 1602400327.
– Zavanela PM, Riente R, Fernandes MR, Oliveira F. Incidência de osteófitos na coluna vertebral. RevMed (São Paulo). 2008 abr.-jun.;87(2):148-53.
– ZUKOWSKI, Lisa A .; FALSETTI, Anthony B .; TILLMAN, Mark D. A influência do sexo, idade e IMC na degeneração da coluna lombar. Journal of anatomy , v. 220, n. 1, p. 57-66, 2012.

Sobre a autora

Paola Machado é fisiologista do exercício, formada em educação física modalidade em saúde pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutoranda em nutrição pela UNIFESP. É autora do Livro Kilorias - Faça do #projetoverão seu estilo de vida (Editora Benvirá). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre obesidade, e tem um canal de desafios (30 Dias com Paola Machado) onde testa a teoria na prática. Também é fundadora do aplicativo aplicativo 12 semanas. CREF: 080213-G | SP

Sobre a coluna

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