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6 dicas para convencer um adolescente a usar métodos contraceptivos

Quanto mais precoce é o início da vida sexual, maior será a dificuldade para o jovem assumir uma postura preventiva - Getty Images
Quanto mais precoce é o início da vida sexual, maior será a dificuldade para o jovem assumir uma postura preventiva Imagem: Getty Images

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/07/2016 07h05

Os adolescentes conhecem a importância de métodos contraceptivos para evitar uma gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis, mas, ainda assim, nem sempre utilizam esses recursos em suas relações. Em São Paulo, um estudo recentemente conduzido pelo Programa Estadual de Saúde do Adolescente mostrou que seis em cada dez jovens não utilizavam qualquer proteção durante o sexo.

O comportamento de risco adotado pelos jovens não é recente. Em 2013, um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) constatou que 24,7% dos adolescentes dispensaram preservativo na última relação, mesmo cientes do risco de contrair HIV e outras DSTs.

Como os pais têm um papel essencial na orientação dos filhos, especialistas dão dicas de como sensibilizar os jovens quanto ao sexo seguro.

Consultoria: Andrea Hercowitz, hebiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo; Ana Maria de Barros Aguirre, psicóloga e professora do Departamento de Psicologia Clínica da USP (Universidade de São Paulo); Benito Lourenço, hebiatra, membro do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo e chefe da Unidade de Adolescentes do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

  • Procure entender como seu filho pensa

    O adolescente tende a ser imediatista. Isso significa que provavelmente ele não irá recusar sexo só porque não tem camisinha à mão. Há ainda a imaturidade neurológica. O cérebro amadurece totalmente em torno dos 25 anos, e a última região a se tornar madura é o córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões, pelo controle de impulsos e planejamento. Por causa da imaturidade emocional, quanto mais precoce é o início da vida sexual, maior será a dificuldade para o jovem assumir uma postura preventiva. Para lidar com essa característica, os pais devem ter paciência e não desistir. Não tenha medo de ser repetitivo e, se achar necessário, ofereça preservativo.

  • Cuidado com o que ouve por aí

    Os adolescentes são diariamente bombardeados com informações, nem sempre de qualidade. Por isso, os pais devem ressaltar a importância de senso crítico com o que se vê na internet e com os relatos de colegas. Há muita desinformação circulando como "só se contrai DST se houver penetração" ou "nenhuma garota engravida na primeira transa". Oriente seu filho de que as pessoas mais aptas a falar sobre sexo seguro são médicos, professores e familiares próximos.

  • Papo aberto

    Alguns pais limitam a abordagem do assunto "sexo seguro" a colocar camisinhas na gaveta do filho. Essa atitude pode até ter seu valor, mas muito mais válido é investir em uma conversa olho no olho. Se o adolescente perguntar alguma coisa, seja franco em suas respostas, mesmo que sejam "não sei" ou "não me sinto confortável para falar sobre isso, vou levá-lo a alguém que possa fazer isso melhor do que eu". Se for o caso, leve-o para conversar com um pediatra ou hebiatra. O médico deve mostrar-se acessível para uma conversa franca e esclarecedora.

  • Dê chance ao diálogo

    Pais e filhos precisam ter oportunidades para conversar. Famílias que fazem pelo menos uma refeição diária juntos têm menor incidência de situações de risco com seus filhos adolescentes, pelo simples fato da oportunidade do diálogo. Uma dica para estimular a conversa é ler livros/revistas ou assistir a filmes/reportagens juntos.

  • Olhe o (mau) exemplo dos outros

    A prepotência é uma marca da adolescência. Os jovens acham que nunca nada vai acontecer com eles, mesmo sabendo dos riscos. Por isso, mostre ao seu filho casos próximos que "deram errado". A ideia é que ele veja que o risco de uma gravidez não planejada ou de contrair uma doença sexualmente transmissível é real, e não apenas "papo de adulto careta".

  • Seja claro e objetivo

    Crianças na faixa dos 11 anos aprendem na escola sobre o corpo humano e o aparelho reprodutor. Nessa época é também comum que façam perguntas sobre reprodução. Essa é uma boa hora para iniciar uma conversa, sempre com uma linguagem adequada para a idade. Os pais devem responder as dúvidas com objetividade, evitando dar mais informações do que foi questionado.