Topo

7 mitos e verdades sobre a musculação na adolescência

O treino para adolescente deve ser variado e gradativo; a carga deve ser bem mais amena do que a de um adulto - Getty Images
O treino para adolescente deve ser variado e gradativo; a carga deve ser bem mais amena do que a de um adulto Imagem: Getty Images

Colaboração para o UOL

02/09/2016 07h15

Prática crescente entre os adolescentes que buscam um visual forte e atlético, a musculação é motivo de questionamentos de muitos pais. Entre as dúvidas recorrentes estão a indicação da atividade para corpos em desenvolvimento, o risco de lesões e o polêmico uso de suplementos alimentares. O UOL conversou com alguns especialistas para esclarecer mitos e verdades que rondam esse tema. Confira a seguir.

  • Adolescente não pode malhar

    Mito: o médico hebiatra (especialista que cuida de adolescentes) Benito Lourenço, membro do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo, conta que, por muito tempo, pediatras e hebiatras resistiram a liberar pacientes para a prática de treinos de força, mas hoje sabe-se que a musculação, assim como as atividades aeróbicas, é benéfica para acabar com o sedentarismo, fortalecer a densidade óssea, melhorar a autoestima e estimular um estilo de vida mais saudável

  • Adolescente não pode fazer musculação como um adulto

    Verdade: como não tem a musculatura plenamente desenvolvida, o adolescente não pode realizar a mesma intensidade de exercícios de um adulto. Por isso, é fundamental que o jovem procure uma academia com boa estrutura e profissionais de educação física competentes para supervisão. Exercícios feitos de maneira errada podem gerar lesões musculares e ortopédicas. O acompanhamento de um bom instrutor também é importante para garantir o respeito às diferenças individuais. "Isso é importante porque adolescentes da mesma idade podem estar em fases de desenvolvimento distintas", declara Lourenço.

  • O treino para o adolescente deve ser mais light

    Verdade: o treino para adolescentes deve ser variado e gradativo. A carga deve ser bem mais amena do que a de um adulto, nunca acima de 30% do peso máximo do equipamento. O ideal é mesclar exercícios tradicionais de força com movimentos mais funcionais, que estimulem outras capacidades físicas, como velocidade, flexibilidade e potência. "Além de academias de musculação, estúdios de treinamento funcional e de crossfit são opções interessantes para esse público mais jovem", fala o fisiologista Gustavo Barquilha, mestre em ciências do movimento humano.

  • Há hora certa para iniciar a musculação

    Verdade: o mais prudente é iniciar a musculação a partir dos 16 anos, mas há academias que liberam a prática da atividade aos que tem mais de 13. "O que deve ser levado em consideração na hora de indicar a musculação para um jovem é sua maturidade física. A idade não importa tanto", diz o hebiatra Benito Lourenço, da Sociedade Paulista de Pediatria. Nas meninas, essa maturidade acontece após a primeira menstruação. Nos meninos, depois do estirão de crescimento, quando o indivíduo chega a crescer de oito a dez centímetros em um curto período de tempo.

  • A musculação atrapalha o crescimento

    Mito: "Desde que não cause lesões nas regiões de expansão dos ossos, a musculação não interfere no crescimento do jovem", afirma o ortopedista Arnaldo Hernandez, coordenador geral do Núcleo de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O problema ocorre quando a malhação é realizada em excesso e sem que o jovem tenha atingido o grau de maturidade física ideal. Nesses casos, a musculação pode gerar lesões no disco epifisário, responsável pelo crescimento dos ossos, mas isso é muito raro de acontecer. Exercícios com pesos aplicados de forma orientada e racional não são proibidos para jovens e não comprometem seu crescimento.

  • Adolescente não deve tomar suplemento

    Parcialmente verdade: o hebiatra Benito Lourenço diz que para um adolescente saudável e que se alimenta bem, o uso de suplementos é desnecessário. A suplementação é indicada em casos específicos para jovens que têm prática esportiva intensa e/ou quando há alguma deficiência na dieta. "O adolescente deve passar por uma consulta com um nutricionista para calcular a dose e o tipo de complementação", diz o fisiologista do esporte Diego Leite de Barros, do HCor (Hospital do Coração), também na capital paulista. O mesmo vale para os suplementos proteicos contraindicados para menores de 14 anos e que precisam ser tomados em quantidades adequadas, sob o risco de comprometer o funcionamento dos rins e do intestino.

  • Há atividades mais indicadas que a musculação

    Verdade: para o fisiologista do esporte do HCor (Hospital do Coração), o treino de força para adolescentes não faz muito sentido quando é feito apenas por motivos estéticos, visando a hipertrofia. Para ele, os adolescentes deveriam priorizar atividades esportivas de modo geral, que tendem a oferecer um repertório de estímulos mais amplo, não apenas físicos, mas também sociais. "A musculação pode ser benéfica, mas o adolescente que deixa de praticar esporte com os amigos ao ar livre para se trancar em uma academia não está fazendo uma boa troca", diz.