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Pulseiras de elásticos entrelaçados à mão viram mania mundial

As pulseiras de plástico têm como público-alvo crianças entre oito e 12 anos, mas celebridades aderiram à mania - Divulgação
As pulseiras de plástico têm como público-alvo crianças entre oito e 12 anos, mas celebridades aderiram à mania Imagem: Divulgação

Justin Parkinson

25/06/2014 16h59

Em uma época em que bebês brincam com tablets e o passatempo favorito dos adolescentes é "respirar" mídias sociais, é surpreendente o fato de que um dos brinquedos mais populares do mundo, no momento, sejam pulseiras de elásticos coloridos entrelaçados à mão.

Na Grã-Bretanha, assim como em vários outros países, as pulseiras multicoloridas estão por toda parte: nos parquinhos, nas escolas e espalhadas por todos os cômodos da casa.

Crianças passam horas entrelaçando os elásticos para fazer pulseiras e colares, enquanto os pais se cansam recolhendo-os do chão e atrás do sofá.

O Rainbow Loom, um tear de plástico transparente destinado a transformar a matéria-prima em bijuteria, já vendeu mais de três milhões de unidades em todo o mundo.

A dimensão da sensação causada pelo acessório pode ser medida pelas estatísticas do site britânico da Amazon. Entre os 30 brinquedos mais vendidos, todos estão ligados aos elásticos e às pulseirinhas, cujo o nome em inglês é "loom bands".

Apesar de ter como público-alvo crianças com idades entre oito e 12 anos, as "loom bands" também já são moda entre adultos e celebridades. Em recente visita à Nova Zelândia, Kate Middleton exibiu a sua, vermelha e azul. O ex-jogador David Beckham e o vocalista da banda One Direction, Harry Styles, fizeram o mesmo.

Polêmica

Crianças usam o tear ou os próprios dedos e, com ajuda de uma agulha, criam tramas que podem resultar em formas que vão além de círculos. Vídeos no YouTube ensinam como fazer um rabo de peixe, uma pulseira de margaridas e até um bracelete com formato de "escama de dragão".

Na Grã-Bretanha, é possível comprar 1.800 elásticos por 1,99 libra (R$ 7,5). O tear está à venda por menos de 20 libras (R$ 75). Mas na era em que as crianças são vidradas em inovações tecnológicas, promovidas por campanhas de marketing milionárias, por que um brinquedo artesanal virou sensação?

O Rainbow Loom foi criado em 2011 por Cheong Choon Ng, um americano nascido na Malásia que trabalhou em empresas de tecnologia em Michigan. Ao observar as filhas entrelaçando pequenos elásticos com os dedos para fazer suas próprias pulseiras, ele tentou fazer o mesmo, mas seu dedos eram grandes demais.

Ele, então, decidiu construir seu próprio tear à moda antiga, usando pinos sobre uma base de madeira. Suas filhas ficaram impressionadas como, usando o tear, era possível criar formas mais sofisticadas com os elásticos.

Choon Ng decidiu dar um próximo passo e abriu um negócio com investimento de US$ 10 mil para fabricar teares de plástico. Depois que uma loja de brinquedos liquidou o estoque em questão de horas, outros estabelecimentos também se interessaram. E assim o brinquedo começou a se popularizar no resto do mundo.

Mas como "tudo que é demais faz mal", as "loom bands" já começam a causar polêmica. Em Nova York, uma escola proibiu a entrada dos elásticos após relatos de brigas entre os alunos. Na Grã-Bretanha, uma escola em Cumbria fez o mesmo, avisando a decisão aos pais por uma mensagem de celular.

"Queremos evitar um problema maior. Algumas crianças estavam jogando os elásticos por toda parte, com dezenas espalhados pelo chão das salas de aula", informou a direção da Furness Academy.

Nas Filipinas, um grupo em defesa dos bichos alertou recentemente que os elásticos, "apesar de bonitinhos, são difíceis de digerir e podem bloquear os intestinos dos animais".

Esther Lutman, curadora assistente do Museu da Infância, em Londres, compara os elásticos a brinquedos que tiveram grande apelo popular no passado, como os ioiôs, nos anos 1930. "Eles são baratos, o que ajuda explicar sua popularidade. Mas quem sabe o que virá a seguir?", questiona.