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Quer cuidar da beleza após o parto? Veja o que pode e o que não pode

Antes de qualquer tratamento, é preciso dar um tempo para que o corpo se recupere da gestação - Thinkstock
Antes de qualquer tratamento, é preciso dar um tempo para que o corpo se recupere da gestação Imagem: Thinkstock

Maria Laura Albuquerque

Do UOL, em São Paulo

06/05/2013 07h25

Não é difícil encontrar mulheres que, depois do parto, reclamam do corpo. Elas dizem que os seios murcharam e estão flácidos, a barriga está mole e maior do que antes da gestação, a quantidade de estrias aumentou consideravelmente, a pele apresenta manchas e está sem viço...

As mudanças que uma gravidez provoca são grandes. O desenvolvimento do bebê faz com que o corpo feminino inche e aumente de tamanho para acomodá-lo e os hormônios, que controlam o organismo de uma maneira diferente para tornar possível a gestação, demoram a parar de agir depois do nascimento.

Para recobrar a velha forma (e até melhorá-la), há quem resolva investir em tratamentos dermatológicos e cirurgias plásticas, o que tem sido chamado nos Estados Unidos de pacote “mommy makeover” (em tradução livre, recuperação do corpo da mamãe).

Nada de errado com a decisão, desde que se espere o tempo certo –e que depende das particularidades de cada uma– para a realização dos procedimentos. O cuidado é valioso para preservar a saúde da mulher, garantir um resultado final satisfatório e, em alguns casos, também para assegurar o bem-estar da criança.

“Alguns ativos aplicados na pele, se entrarem em contato acidental com o bebê, podem causar alergias, pois a pele dele é muito sensível”, afirma Davi de Lacerda, dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Segundo o médico, alguns procedimentos geralmente provocam descamação, vermelhidão, ardências, entre outras reações na pele, o que pode desencadear desconfortos na mãe.


A seguir, algumas sugestões de tratamentos dermatológicos que podem ser feitos no pós-parto:

1 - Depilação a laser: pode ser feita em qualquer parte do corpo logo depois que a criança nasce. O laser, segundo os médicos, não atinge o organismo da mulher de modo profundo a ponto de provocar algum problema para ela e o filho.

2 - Preenchimento com toxina botulínica: famosa por amenizar rugas, pode ser aplicada sem riscos para o bebê. O importante, segundo Lacerda, é o médico avaliar se o rosto da paciente não está inchado. “Nesse caso, é melhor esperar para a avaliação estética ser mais realista e o preenchimento bem-sucedido.”

3 - Dermoabrasão: o procedimento, que consiste em lixar a pele com abrasivos para eliminar marcas de traumas, acne ou outra doença cutânea, está liberado para ser feito na mulher quando a criança ainda é recém-nascida.

4 - Luz intensa pulsada: indicada para recuperar a pele envelhecida e manchada pela exposição constante e exagerada à luz do sol, com vasinhos estourados na área da face, pescoço e colo, e que apresenta piora da sustentação, com queda de colágeno. Embora a pele fique um pouco avermelhada depois das sessões de aplicação, não tem restrição nenhuma no pós-parto.

5 - Tratamentos diversos contra estrias e celulites: Lacerda afirma que todos podem ser realizados sem restrições.

6 - Peeling químico: indicado para amenizar cicatrizes de acne, sulcos cutâneos e rugas, pode ser realizado a qualquer momento no pós-parto. De acordo com Lacerda, é preciso ter cautela, no entanto, com o peeling de ácido retinoico, pois ele é deixado no rosto por várias horas e, se entrar em contato com a pele do bebê, pode causar irritações.

Fora da lista, segundo o dermatologista devem ficar a criolipólise, indicada para combater a gordura localizada, e aplicações de furfuril-adenina, substância encontrada em plantas que estimula o crescimento celular e retarda o envelhecimento da pele.

“A primeira não deve ser feita logo após o parto porque é melhor aguardar o organismo da mulher se recuperar da gestação e desinchar. Assim, o procedimento não é feito desnecessariamente”, fala Lacerda. O caso da furfuril-adenina tem a ver com a saúde da criança. O uso do ativo não é seguro no período de amamentação, embora não existam estudos conclusivos.


E quanto às cirurgias plásticas? De acordo com Dov Goldenberg, cirurgião plástico membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e professor da Faculdade de Medicina da USP, as operações demandam um tempo considerável de espera.

“É fundamental considerar que o organismo leva um tempo para sair da chamada situação de embebição gravídica, que é o aumento de líquidos corporais. Enquanto isso não ocorre e o organismo não volta ao normal, é preciso esperar”, diz o médico.

Em média, o tempo estipulado para a realização de alguma intervenção, como a abdominoplastia, é aproximadamente de dez meses depois do nascimento do bebê. No caso de cirurgia nas mamas, é preciso somar a esse tempo três meses depois do fim da amamentação.

“Nesse prazo, a glândula para de produzir leite. Se o cuidado não for tomado, o risco de surgir alguma infecção é muito alto.” Infecções também podem ocorrer se uma plástica no abdome for feita aproveitando o momento da cesariana. “É uma contraindicação médica porque coloca a saúde da mulher em risco”, declara Goldenberg.

Segundo Márcio Paulino Costa, cirurgião plástico e também professor na Faculdade de Medicina da USP, respeitar o tempo indicado para que o corpo volte ao normal é essencial para que a avaliação médica seja bem feita. “Quanto mais inchado ainda estiver o organismo, mais se corre o risco de intervir desnecessariamente e comprometer o resultado final.”

Por fim, a recomendação de ter paciência também é dada pelos especialistas porque o pós-operatório envolve restrições que certamente comprometem a relação entre a mãe e o bebê. De acordo com Goldenberg, a colocação de próteses de silicone, por exemplo, implica que a mulher não faça uma série de movimentos com os braços, o que a impede de carregar o filho no colo.