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Quíntuplos: mãe vai passar dias na UTI enquanto pai procura emprego

Karina Bárbara Barreira e João Biagi Júnior, pais dos quíntuplos, no hospital Sepaco - Junior Lago/UOL
Karina Bárbara Barreira e João Biagi Júnior, pais dos quíntuplos, no hospital Sepaco Imagem: Junior Lago/UOL

Thamires Andrade

Do UOL, em São Paulo

23/04/2015 18h43

Depois de ter recebido alta do hospital nesta quinta-feira (23), Karina Bárbara Barreira e João Biagi Júnior, os pais dos quíntuplos terão um novo desafio: lidar com a distância para cuidar de Arthur, Melissa, Laís, Giulia e Gabriela. Nascidas com 28 semanas, as crianças devem permanecer internadas por dois a três meses para ganharem peso. Moradora de Santos (SP), Karina ficará hospedada na casa da irmã, localizada na zona norte de São Paulo, e terá de percorrer 40 quilômetros (ida e volta), diariamente, para acompanhar os bebês na UTI neonatal do hospital Sepaco, na zona sul da capital paulista. Como só é permitido um acompanhante, Júnior retornará para a cidade do litoral sul para procurar emprego.

O plano de saúde de Karina oferecerá translado de ida e volta até o hospital por, pelo menos, 30 dias, pois a mãe ainda se recupera dos pontos da cesárea. "A diferença do parto dos quíntuplos para uma cesárea normal foi a incisão no útero, que, normalmente, é feita em paralelo ao púbis –como o corte da pele. No caso de Karina, a incisão foi longitudinal para que o órgão fosse aberto quase que por completo para a retirada dos bebês", explica Linus Pauling Fascina, superintendente médico-hospitalar e diretor técnico do hospital.

Ainda que a UTI neonatal permita um acompanhante 24 horas no local, o casal preferiu que Karina dormisse na irmã para ficar mais confortável. "Na UTI, ela dormiria em uma cadeira, tem o barulho das máquinas, então achamos que seria interessante ela sair do ambiente hospitalar um pouco, pelo menos à noite, para descansar e não atrapalhar a produção de leite", fala Júnior. 

Quíntuplos na UTI neonatal pediátrica do hospital Sepaco, na zona sul de São Paulo - Junior Lago/UOL - Junior Lago/UOL
Quíntuplos permanecerão na UTI neonatal pediátrica do hospital até alcançarem 1,8 kg
Imagem: Junior Lago/UOL

Karina ainda não pôde pegar os filhos no colo –eles estão em incubadoras– nem amamentá-los, pois os quíntuplos não têm capacidade para sugar ainda. Para garantir que seu leite não secará, ela, enquanto estiver acompanhando os bebês no hospital, terá de extrair o líquido com bomba de três em três horas. "Não vejo a hora desse contato com a pele, pois só tocar neles já é maravilhoso. Quando chego na UTI, converso e faço carinho neles, eles sabem que estou ali, abrem os olhos e depois voltam a descansar. Como fiquei dois dias na UTI depois do parto, pensei que não conseguiria mais vê-los. No primeiro encontro, só pensava no quanto eles eram pequenos, mas guerreiros", afirma.

De acordo com Emanuele Figueira, médica da UTI neonatal pediátrica, a previsão é que, ao completarem entre 33 e 34 semanas, os bebês comecem a fazer exercícios com uma fonoaudióloga para aprenderem a mamar. "Ela vai começar a estimular esses bebês para que eles aprendam a sucção e possam ir para o peito da mãe", declara.

Segundo os médicos do hospital, os quíntuplos estão com um bom quadro de saúde. Quatro bebês respiram sem aparelhos, enquanto um permanece com um suporte de oxigênio mínimo. "Eles estão recuperando o peso, pois é normal emagrecer ao nascer. Atualmente, pesam 1,170 kg, 880 g, 925 g, 660 g e 600 g”, afirma Figueira. Para terem alta, eles terão de alcançar 1,8 kg.

De volta a Santos

Júnior, pai dos quíntuplos, retorna para Santos com o objetivo de conseguir um emprego. Ele pretende visitar os filhos durante o fim de semana. "Ganhei três bolsas de estudo para cursos profissionalizantes e vou buscar essas instituições para ver quais opções existem. Se der, farei todos de uma vez e, ao mesmo tempo, vou procurar um emprego, pois estou sem renda."

O casal tem aceitado doações pela página do Facebook 'Vem Quíntuplos por Aí'. "Fiz um cálculo e eles vão precisar de 15 a 18 mil fraldas por ano, além de fórmulas lácteas para complementar a alimentação. Estamos aceitando doações", fala Júnior.

O futuro não assusta os pais que estão tranquilos sobre como será a rotina depois da alta dos filhos. "Não consigo pensar lá na frente. Não dá para saber se eles vão dar muito trabalho ou pouco, mas estamos curtindo o agora e cada melhora deles é uma vitória", afirma Karina. 

Presente de Dia das Mães

Imagem do enfeite de porta dos quíntuplos (Arthur, Melissa, Lais, Giulia e Gabriela) que nasceram no hospital Sepaco, na zona sul de São Paulo - Junior Lago/UOL - Junior Lago/UOL
Imagem do enfeite de porta dos quíntuplos (Arthur, Melissa, Laís, Giulia e Gabriela) que nasceram no dia 13 de abril
Imagem: Junior Lago/UOL
Tanto Karina quanto Júnior ainda não conseguem diferenciar os quíntuplos. "O Arthur fica fácil, pois ele é o maior e a Giulia também, pois ela é a menor. Acho que o menino dorme de um jeito parecido com o meu. A Lais também se parece comigo. É mais agitada e não gosta que fiquem mexendo nela", fala Júnior.

Para ele, Melissa, Giulia e Gabriela têm um jeito mais tranquilo e parecido com Karina, que vai passar seu primeiro Dia das Mães no hospital.

"Quando você descobre que seus filhos vão ficar na UTI, dá medo, mas, ao vê-los, tenho a sensação de dever cumprido. Meu maior presente é ver a evolução deles, que estão ganhando peso e sem nenhum tipo de problema", afirma Karina.