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Nova vacina é única forma de prevenção contra meningite B

Do UOL, em São Paulo

05/05/2015 10h30

 

A meningite B é responsável por cinco em cada dez casos registrados de doença meningocócica no Brasil. A doença, que é mais frequente entre crianças e adolescentes, é grave e, como os sintomas são inespecíficos, o atraso no diagnóstico pode ser fatal. Uma nova vacina recém-aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e lançada nesta terça-feira (5), é a única forma de prevenção.

Segura para pacientes de dois meses até 50 anos, a Bexsero, do laboratório GSK, inicialmente, só será encontrada em clínicas privadas a partir da semana que vem. A farmacêutica venderá a dose com custo médio de R$ 340, mas o valor para o consumidor ficará a critério de cada local de vacinação. Crianças com menos de um ano deverão tomar três doses, além de um reforço depois de um ano. Já para as crianças acima de um ano e os adolescentes, a recomendação são duas doses, com intervalo de dois meses entre cada uma.

Segundo o pediatra e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, levará um tempo para que a vacina seja incluída no calendário de vacinação da rede pública. "O Ministério da Saúde precisa fazer estudos de farmacoeconomia para avaliar quanto se gasta com a doença, o custo da introdução da vacina no programa, a disponibilidade de doses no mercado, entre outras variáveis", explica.

Mas Kfouri diz acreditar que a vacina contra meningite B seguirá o mesmo caminho que a da meningite C, que, desde 2010, está disponível para crianças com menos de dois anos pelo Ministério da Saúde. "Os casos de meningite C sempre predominaram, no entanto, depois da inclusão da vacina pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a incidência diminuiu, e os casos de meningite B aumentaram. Como boa parte das crianças menores de cinco ano estão protegidas, atualmente, 50% dos casos são de meningite B, enquanto apenas 30% são de C", declara o pediatra.

Além de ter mostrado altas taxas de imunização —de quase 100%—, a vacina também tem poucos efeitos colaterais. "As vacinas só são liberadas depois de vários estudos de segurança para verificar os efeitos adversos. Os possíveis efeitos colaterais dessa são febre nas primeiras horas da aplicação e dor no local —já que ela é injetável ", fala o pediatra.

Gravidade da doença

Kfouri avalia a nova vacina como um grande avanço na prevenção de meningite B. “As meningites bacterianas têm vários tipos e são as mais graves, pois a mortalidade é de um em cada quatro casos. Além disso, entre 20% e 40% das pessoas que sobrevivem ficam com sequelas", afirma o vice-presidente da SBIm.

O primeiro sintoma da doença está associado à febre alta. "Mas não é como um resfriado qualquer. A criança fica pálida, irritada e prostrada." Os sintomas seguintes são vômito e dores de cabeça.

Para fazer o diagnóstico, os médicos buscam por manchas na pele, verificam se a moleira do bebê está estufada e examinam se a criança tem rigidez na nuca. "Se o médico suspeitar da meningite, ele deve solicitar uma punção do liquor, em que é colocada uma agulha nas costas para retirar o líquido da espinha e analisar o material para identificar se a meningite é bacteriana ou viral", afirma Kfouri.

Caso a meningite seja viral, forma mais branda da doença, a recomendação é tomar analgésicos e tratar os sintomas da doença. No entanto, caso o diagnóstico seja de doença bacteriana, a criança deve ser internada na UTI, receber antibiótico intravenoso o quanto antes para o tratamento ser bem-sucedido e diminuir os riscos de sequelas."

As sequelas provocadas por essa doença podem permanecer para o resto da vida. "Algumas crianças podem ter sequelas motoras, como dificuldade para se movimentar, falta de coordenação, outras precisam ter os membros amputados e há até as que têm sequelas neurológicas cognitivas, como atraso mental", afirma.