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Conheça o seguro educacional; modalidade pode ser útil em tempo de crise

Mensalidades ficam garantidas por até cinco meses com seguro educacional - Getty Images
Mensalidades ficam garantidas por até cinco meses com seguro educacional Imagem: Getty Images

Janaína Nunes

Do UOL, em São Paulo

11/06/2015 07h25

 

Em tempos de crise econômica, a regra é cortar gastos. Mas quando o aperto ameaça o colégio dos filhos, o primeiro desafio é não atrasar as mensalidades. Uma das saídas é o chamado seguro educacional, que muitos pais têm como benefício e não se dão conta.

Relativamente recente no Brasil, onde existe há cerca de 15 anos, o seguro é bastante comum em países como Estados Unidos e Canadá e garante o pagamento das mensalidades em caso de morte, acidente, invalidez e também em situações de perda do emprego ou renda. Algumas escolas oferecem o benefício no ato da matrícula da criança ou adolescente.

É o caso do Colégio Santa Maria, em São Paulo, que tem 3.000 alunos e registrou um aumento de 50% no número de acionamentos por desemprego neste ano, comparado ao mesmo período de 2014. "Vejo como um reflexo dos tempos mais difíceis hoje", diz Edson Franco, analista de finanças da escola.

O benefício é uma garantia de que a formação da criança não será interrompida ou modificada de maneira brusca. "Se o responsável financeiro for demitido, o seguro pagará de três a cinco mensalidades, conforme o contrato. Para ser beneficiado, é preciso ter, ao menos, 12 meses de registro em carteira, não ter sido demitido por justa causa nem  aderido a programas de demissão voluntária”, explica Patrícia Moreira, gerente da corretora SHT Brasil Insurance, uma das empresas que oferece a modalidade.

Ainda pouco comum

Há duas maneiras de se fazer o seguro educacional: a individual, direto com corretoras e bancos, e a coletiva, feita por meio da escola e oferecida para todos os alunos. A segunda é mais comum e mais barata. Enquanto na primeira o custo fica em torno de 10% a 12% da mensalidade; na segunda, o valor cai para menos da metade disso.

Segundo Josusmar Alves de Sousa, do Sincor (Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo), das 6.000 instituições de ensino de São Paulo, apenas 10% têm o plano.  “A adesão das escolas ainda é baixa por falta de conhecimento. Elas acham que vão aumentar muito o valor da mensalidade com o benefício.”

No Santa Maria, assim que a criança é matriculada, já tem o seguro. Como o plano é coletivo, o aluno terá o benefício de qualquer forma e, mesmo que o responsável recuse, não haverá abatimento na mensalidade.

O mesmo ocorre para os alunos do colégio São Vicente de Paula, também na capital paulista. “É um benefício que damos ao estudante”, afirma Claudia Helena Batista de Paula, do departamento financeiro da instituição, que tem 1.200 alunos.

Como funciona

Há um período de carência entre a pessoa perder o emprego e a mensalidade começar a ser paga pelo seguro: é preciso que se passem 30 dias sem que o responsável consiga outra forma de renda oficial. E, depois de utilizado uma vez, o benefício só pode ser requerido novamente após 12 meses.

Para quem não trabalha com registro em carteira, a regra é mais complicada. “Quem é pessoa jurídica só poderá recorrer ao benefício se sua própria empresa tiver decretado falência”, diz Patrícia Moreira. Quem é autônomo e não tem empresa própria não tem direito ao seguro por falta de maneiras de comprovar renda. Em casos de acidente, invalidez e morte, a cobertura vale sem distinção e o seguro cobre todo o período escolar. Apenas se o aluno repetir um ciclo mais de uma vez é que pode perder parte do benefício.

Outras soluções

Quando a escola não oferece o sistema coletivo, é possível tentar o individual. “O ideal é procurar um corretor, se informar e colocar na balança”, declara Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), em São Paulo.

Outra dúvida que pode surgir é se fazer uma poupança não é uma alternativa do que o seguro. Na visão de Rocha, a poupança é uma reserva de emergência. “Deve ser usada para pagar despesas como luz, água, casa e comprar comida. A escola, na pior das hipóteses, você pode trocar por uma estadual. O seguro dá fôlego para conseguir se realocar no mercado sem fazer mudanças imediatas”, diz.

Roy Martelanc, professor da FIA (Fundação Instituto de Administração), também enxerga com bons olhos o plano coletivo. “Pode ser um fator decisivo na hora escolher uma escola, já que o seguro é uma garantia para os pais."

As seguradoras que mais trabalham com o benefício coletivo são Mafre, Zurich, Tóquio, Itaú e Porto Seguro. Se a ideia for um plano individual, o indicado é conversar com o seu banco. O gerente pode oferecer algo similar, como uma previdência voltada para a educação, que pode ser uma saída para os autônomos organizarem uma reserva financeira especial para esses casos.