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Sol das 10h às 16h é melhor para síntese de vitamina D, mas traz riscos

Os banhos de sol no horário de pico são mais eficientes para a produção de vitamina D - Getty Images
Os banhos de sol no horário de pico são mais eficientes para a produção de vitamina D Imagem: Getty Images

Beatriz Vichessi

Do UOL, em São Paulo

12/07/2015 07h15

Expor as crianças ao sol no início da manhã e depois das 16h, para ativar a produção de vitamina D no organismo, é um hábito comum dos pais, recomendado por pediatras desde os primeiros dias de vida dos bebês. Mas, hoje, sabe-se que o melhor horário para banhos de sol visando a síntese dessa substância é justamente entre 10h e 16h, período desaconselhado pelos médicos, por conta da maior emissão de raios UVB, que causam danos à saúde.

“Pensando em uma população que hoje vive, aproximadamente, 80 anos, o risco de desenvolver câncer de pele se expondo ao sol nesse horário é muito grande. Então, a recomendação é que a criança, que ainda vai viver muito, tome banhos de sol diários, mas nos horários seguros”, diz Adriana Beletato dos Santos Balancieri, endocrinologista pediátrica e professora do Departamento de Medicina da UEM (Universidade Estadual de Maringá), no Paraná.

De acordo com Monica Picchi, neonatologista e pediatra no Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, cerca de 75% da população tem carência de vitamina D. Por isso, a suplementação em gotas é amplamente recomendada pelos médicos até o segundo ano de vida do bebê. Ainda assim, todas as crianças devem tomar, diariamente, banho de sol nos horários seguros.

A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) indica 30 minutos de exposição solar por semana (algo entre seis a oito minutos por dia, três vezes por semana) para lactentes, usando somente fraldas, durante o primeiro ano, segundo a endocrinologista pediátrica Renata Atihe, de São Paulo. Se o banho de sol for feito com vestimentas, apenas com face e mãos expostas e sem uso de chapéu, deve-se aumentar o tempo para duas horas semanais (cerca de 17 minutos por dia).

A fórmula vendida nas farmácias não substitui o sol, mas ameniza a falta da vitamina D, agindo como um suplemento.

Importância do sol

O sol é ingrediente fundamental para a ativar a produção da vitamina D, substância responsável por fixar o cálcio nos ossos. Na pele humana, existe naturalmente um pró-hormônio, chamado 7-deidrocolesterol, que é ativado em forma de vitamina D3, o colecalciferol, quando há exposição direta à luz solar (ou seja, sem uso de filtro ou presença de barreiras, como uma janela de vidro, por exemplo).

Com o banho de sol, a vitamina D3 entra pela pele na corrente sanguínea e é levada ao fígado. Lá, passa por dois processos de hidroxilação (ligação a outros elementos) e só então torna-se biologicamente ativa no organismo.

Aproximadamente 90% da quantidade de vitamina D necessária ao organismo humano provém da exposição ao sol. Mas uma dieta equilibrada também é fundamental, pois alguns alimentos são fontes de vitamina D. É o caso dos peixes gordurosos, como o salmão e o bacalhau, dos vegetais verde-escuros, como brócolis, do leite, do shitake seco e da gema de ovo, entre outros.  

A quantidade de vitamina D no organismo pode ser identificada por meio da análise ambulatorial da urina e por exames de sangue. Vale destacar que pessoas de pele mais escura têm menor produção de vitamina D. Isso acontece porque a maior quantidade de melanina funciona como um filtro solar.

Os obesos também devem ficar atentos, pois sua condição faz com que haja sequestro dessa vitamina pelas células adiposas. Há, ainda, uma tendência maior à carência dessa substância por quem usa medicamentos como corticoides e anticonvulsivantes.

Funções no organismo

A vitamina D atua na prevenção de doenças como o raquitismo e a osteoporose e melhora a imunidade. “Hoje, sabemos também que ela age como auxiliar no tratamento de doenças cardíacas e autoimunes, como a esclerose múltipla”, afirma a dermatologista Daniela Schmidt Pimentel, médica-assistente e colaboradora do Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Unisa (Universidade de Santo Amaro) e membro do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

A endocrinologista Renata Atihe diz que a vitamina D também responde pela síntese de antibióticos naturais, controla a pressão arterial e diminui o risco de desenvolvimento de depressão.