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Adolescente pode usar remédio para emagrecer? Especialistas opinam

Com acompanhamento médico constante, a sibutramina é considerada segura - Getty Images
Com acompanhamento médico constante, a sibutramina é considerada segura Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

12/11/2015 07h20

 

“Perdi minha filha para a sibutramina.” Esse foi o lamento desesperado que a mãe de Carolina Moura, 17 nos, postou em uma rede social depois que a jovem se jogou do 11º andar do prédio onde vivia, em 19 de setembro, em meio a uma crise de depressão e alucinações supostamente provocadas pelo uso de medicamento para emagrecer.

Segundo a mãe, a adolescente teria comprado a sibutramina no mercado paralelo, já que a substância de uso controlado, tarja preta, só pode ser vendida com prescrição médica. Como Carolina era hipertensa, dificilmente teria conseguido uma receita do medicamento, que é contraindicado para quem tem risco de doenças cardiovasculares. Esse, aliás, é o grande risco dos tratamentos para emagrecer, segundo os especialistas. “Toda medicação deve ser prescrita por médico. Automedicação em obesidade é extremamente perigosa”, afirma Louise Cominato, coordenadora do Ambulatório de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).

A endocrinologista afirma que, com acompanhamento médico constante, a sibutramina é segura e pode ser usada por adolescentes. “Não se trata de um inibidor de apetite (como anfepramona, femproporex e mazindol). É uma droga que aumenta a saciedade e cuja forma de ação é diferente dos inibidores (esses bloqueiam a sensação de fome e aumentam o gasto calórico). A sibutramina dá muito menos efeito colateral e traz menos riscos à saúde”, diz Louise.

Os inibidores de apetite estão proibidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde outubro de 2011, para qualquer faixa etária, justamente devido ao perigo do abuso. Em julho de 2015, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou um projeto de lei que voltou a liberar a venda da categoria. A proposta seguiu para votação no Plenário do Senado.

Entenda como a sibutramina age em quatro perguntas.

1 - Como ela age?

“O medicamento é um saciador de apetite”, declara Amélio Fernando de Godoy Matos, professor de pós-graduação em endocrinologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro. “A substância age no sistema nervoso central, no hipotálamo, aumentando a sensação de saciedade e consequentemente diminuindo a vontade de comer.”

2 - Quem pode usar?

“Só indicamos para pacientes acima de 17 anos, que tenham um IMC (Índice de Massa Corpórea) em nível de obesidade, acima de 30. Abaixo disso, a gente não usa”, diz Lea Diamant, endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Ela destaca que a própria bula do medicamento o contraindica para menores de 16 anos e, ainda assim, os pais devem assinar um termo de responsabilidade.

3 - Quem não pode usar?

Segundo Amélio de Godoy Matos, o emagrecedor não é indicado para pessoas portadoras de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial não controlada e doenças psiquiátricas. “Somente em casos muito especiais os usuários de medicação psiquiátrica são liberados pelo médico para fazer uso da sibutramina”, diz o endocrinologista.

4 - Quais são os efeitos colaterais?

Os efeitos colaterais podem variar muito conforme o usuário do medicamento. Os mais comuns são taquicardia, boca seca, constipação intestinal, vertigem, insônia e hipertensão arterial. “Alguns pacientes podem ter também palpitação, nervosismo e angústia”, afirma a endocrinologista Cláudia Cozer Kalil, coordenadora do Núcleo de Obesidade do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. A própria bula do medicamento inclui delírios entre os possíveis efeitos adversos. “É importante tomar com supervisão médica. Aparecendo qualquer reação adversa, pode-se suspender a medicação ou diminuir a dosagem”, diz Cláudia.

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