"Conselhos da vovó" podem colocar bebês em risco, diz estudo
Os avós têm um papel fundamental no desenvolvimento dos netos. No entanto, muitas vezes eles reproduzem hábitos antigos que já foram contestados pelos médicos, pois podem colocar a saúde das crianças em risco. É o que revela um estudo apresentado esta semana na reunião das Sociedades Acadêmicas de Pediatria, nos Estados Unidos, que revelou que grande parte dos avós prega crenças equivocadas como banho gelado é bom para baixar a febre e que os bebês devem dormir de bruços.
O líder do estudo, Andrew Adesman, chefe de Pediatria Comportamental e do Desenvolvimento no Cohen Children's Medical Center, em New Hyde Park, nos EUA, fez um questionário detalhado para 636 avôs e avós com objetivo de descobrir se eles ainda colocavam em prática crenças antigas no cuidado com as crianças.
O resultado foi que 44% dos avós afirmaram que "banhos gelados eram uma boa forma de baixar a febre alta". Fernanda Viana, pediatra formada pela USP (Universidade de São Paulo) e uma das idealizadoras do site @saúde4Kids, explica que o banho gelado pode piorar a condição de saúde da criança.
"Antigamente não tinha antitérmico, então, achavam que, para baixar a temperatura, bastava um banho gelado. De fato, isso provoca uma queda de temperatura corporal, mas porque gera uma hipotermia, que causa problemas como aumento da frequência cardíaca e vasoconstrição [diminuição dos vasos sanguíneos]. Ou seja, além de não curar a febre, o banho gelado causa uma hipotermia que é um problema ainda maior de saúde para a criança", explica.
No caso de febre infantil, a pediatra indica fazer o uso de um antitérmico e dar um banho com água morna.
Quase 25% dos avós ouvidos no estudo acreditam que os bebês deveriam ser colocados para dormir de bruços. Mas, na verdade, a posição aumenta o risco de engasgo e da Sids (Síndrome da Morte Súbita Infantil), também conhecida como "morte do berço".
"Se o bebê está de bruços e regurgita ou engasga, ele não tem reflexo de virar a cabeça ou de levantá-la, ou seja, ele não consegue se mexer e pode se asfixiar, por isso, essa posição traz riscos para a saúde e pode levar à morte", explica.
Fernanda explica que a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) recomenda que a criança seja colocada no berço de barriga para cima, tanto para o cochilo durante o dia, quanto para o sono da noite. "Fora que também não são recomendados o uso de kit berços ou qualquer outro adereço que facilite a asfixia", fala.
E como lidar com os avós?
Ainda que essas crenças tenham deixado os pesquisadores preocupados, eles reconhecem a importância da presença dos avós no dia a dia das crianças, portanto, os pais precisam aprender a lidar com essa situação para que a convivência em família não seja afetada.
Segundo Fernanda, uma maneira de deixar os avós mais atualizados com as "novidades" da medicina é convidá-los para participar da consulta com o pediatra. "Muitos querem participar desse momento, mas nem sempre são chamados. Se um dos avós cuida da criança para que os pais possam trabalhar, então, é ainda mais importante que ele participe da consulta, pois assim ele também cuidará do seu neto melhor", explica.
Outra dica da pediatra é que os pais do bebê compartilhem com os avós os blogs e programas que assistem para se inteirar sobre o universo infantil. "Às vezes é chato você falar diretamente que o avô ou a avó está fazendo algo errado, por isso, dá para chamar para mostrar um vídeo ou enviar um post de algum blog, convidar de uma forma mais suave e carinhosa que ele participe da vida do bebê munido de mais informações sobre os cuidados adequados", fala.
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