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Thaís Fersoza, você não está só! Mães mandam a real sobre amamentação

Juliana Simon

Do UOL

06/06/2017 15h28

Mãe de Melinda, de 10 meses, e grávida de oito meses do 2º filho, a atriz Thaís Fersoza declarou em seu canal no YouTube que ficou frustrada ao não conseguir amamentar. Como a artista, muitas outras mulheres passaram por dificuldades durante este período, mas insistiram na aleitação materna.

Dores, o "delicioso cansaço" e falta de apoio médico estão nas histórias de três destas mães, que relataram ao UOL que dar de mamar pode ser bastante difícil, mas vale a insistência.

Renata Cristina Pereira, mãe de Bento, de 7 meses

Renata Pereira e seu filho, Bento - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Renata Pereira e seu filho, Bento
Imagem: Arquivo pessoal
“Ninguém te ensina a amamentar e, no mínimo, a gente acha que o bebê nasce sabendo sugar. No meu caso isso não aconteceu, ele não sugava de jeito nenhum e eu não fazia ideia de como fazer ele mamar.

Meus seios racharam, ficou em carne viva e toda vez que ele colocava a boca no meu seio, eu mordia o travesseiro para aguentar a dor. Com isso, acabei dando leite artificial durante um mês e psicologicamente fiquei mal, pois é frustrante não conseguir amamentar.

Depois desse um mês, eu insisti, procurei informação. Percebi que eu podia colocar o bico de uma maneira mais fácil na boca dele e até mesmo tirar um pouco de leite para que o seio ficasse mais macio e o bebê tivesse mais facilidade para abocanhar o peito. Voltei a amamentar de maneira exclusiva no peito e tirei a fórmula”.

Mariana Nadai Borges, mãe dos gêmeos Pedro e Gabriel, de 2 anos e 5 meses

Mariana e os gêmeos Pedro e Gabriel - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Mariana e os gêmeos Pedro e Gabriel
Imagem: Arquivo pessoal
“Eles nasceram prematuros, de 32 semanas e tiveram que ficar no hospital por 51 dias, demorando mais ou menos um mês para começar a tomar leite. Nesse tempo, eu ficava tirando leite na salinha de leite do hospital, para estimular a produção e ter leite para quando eles começassem a mamar. A maquininha não estimula o necessário e o hospital não deixa você dar livre demanda.

Quando os bebês começam a mamar no peito, você tem que dar o leite de 3 em 3 horas - isso se a sala estiver aberta (em alguns momentos, quando algum outro bebê tem um intercorrência grave, eles impedem a entrada da sala pelos pais). Saí do hospital com os meninos e só o meu leite não foi suficiente. No final da primeira semana deles em casa, eles não estavam engordando nada e aí eu dava o peito e depois a mamadeira com o complemento durante oito meses. Depois eles não mamavam mais, passamos a dar apenas o complemento.

Amamentar é muito difícil, o peito dói muito, o bico do peito fica em frangalhos e quando o bebê coloca a boca ali, é uma dor intensa. Cheguei a chorar para dar de mamar. Quando a gente está no meio do furacão, acha que a vida é só isso e que estamos fadados ao fracasso. Mas, depois olhamos para trás e tudo não passou de um momento, uma fase. Outras muitas virão”.

Fernanda Aranda, autora do blog Dose Dupla e mãe de Clara e Olívia, de 3 anos, e de Martin, que deve chegar em agosto

Fernanda e as gêmeas Clara e Olívia - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Fernanda e as gêmeas Clara e Olívia
Imagem: Arquivo pessoal
“A amamentação foi um perrengue, pois não encontrava um posicionamento de médico, enfermeiro, profissional de saúde que aprovasse ou estimulasse o meu desejo de tentar amamentar exclusivamente as meninas. Fui trilhando esse caminho meio que sozinha e encontrando força e respaldo nos grupos do Facebook.

Primeiro, sem o meu consentimento, ofereceram leite artificial para as meninas logo que elas nasceram e foram tiradas de mim. Só fiquei sabendo 5 horas depois, quando elas vieram para os meus braços e não sabiam mamar. Na hora nem reclamei e só me dei conta do absurdo meses depois. Agora, para o Martin, tô meio leoa.

O processo de amamentação exclusivo foi maravilhosamente cansativo. A gente coloca muita coisa no instinto materno e na sabedoria das crianças e esquece que tudo é construção. Fui estudando o que era pega correta, vendo como elas se encaixavam no peito, encontrando posições e era apavorante ser desafiada pela balança nas consultas: ‘se suas filhas não ganharam peso suficiente, você terá de dar fórmula para elas’.

Tive mastite, meus ductos inflamaram e o leite simplesmente não saia, procurei na internet e vi como fazer as massagens e como o Fabio, pai das meninas, poderia me ajudar. Aprendi que água quente pode ser a pior coisa para um peito inflamado e que, apesar da dor, não há melhor remédio do que botar o bebê para mamar.

Não quero julgar, por favor, quem procura a fórmula. Meu contexto era de privilégio. Apoio do companheiro, uma dor absurda mais controlável, crianças que já haviam mamado por 4 meses e fomos conversando durante a noite. Eu, com as meninas, e o leite foi descendo, o peito melhorando.

A gente, tanto as que amamentam quanto as que não amamentam, é catapultada para um universo de culpa, vazio e solitário. Como o que importa mais é o discurso do que o acolhimento, você nunca sabe ao certo se está fazendo o melhor para o seu filho.

Amamentar para fim foi um ato político, de teimosia, resistência, aprendizado e muito amor”.