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"Superei a depressão visitando quase 50 cachoeiras com meu bebê pequeno"

Alivea e Rowdy nas Cataratas Spirit, em Washington - Arquivo pessoal
Alivea e Rowdy nas Cataratas Spirit, em Washington Imagem: Arquivo pessoal

Carlos Oliveira

Colaboração para o UOL

15/06/2017 04h00

Quando seu filho tinha três meses, a vendedora Alivea Binder, 24, foi surpreendida pelo fim do relacionamento com o pai da criança. Ela entrou em depressão e a terapia não teve efeito. Decidida a dar a volta por cima e a criar laços com o menino, pensou em uma meta pouco convencional: visitar juntos 50 cachoeiras, número prestes a ser atingido -- falta apenas uma. Graças às caminhadas, ela conta que aprendeu a gostar de ser mãe solo e a se amar.

"Três meses depois de o Rowdy nascer, meu relacionamento terminou e meu então namorado foi para outro Estado. Ele ainda faz parte da vida do meu filho, mas eu imaginava que iríamos ficar juntos para sempre e fiquei devastada. Entrei em depressão.

Eu fiz terapia por um tempo e era bom poder falar com alguém sem ser julgada, mas senti que não estava melhorando. Passava horas em casa chorando. Comecei a fazer trilhas porque precisava me distrair de alguma forma. Eu era uma mãe solo sem um tostão e caminhar era uma maneira barata de sair de casa. Já tinha feito trilhas antes, mas nada tão extremo.

Alivea e Rowdy nas Cataratas de Salt Creek, no Oregon - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Trilha em meio à neve, nas Cataratas de Salt Creek, no Oregon
Imagem: Arquivo pessoal

Mesmo com chuva ou neve, praticamente todo fim de semana acordo às seis da manhã para me arrumar e vou até os locais. Costumo passar a manhã caminhando, em média são cerca de cinco quilômetros. É como uma terapia para mim, porque quando estamos na trilha só penso em nós dois e no caminho. Minha mente fica livre de distrações. Aproveito para me desligar do celular e das outras pessoas.

"No fim, sinto alívio e muito orgulho"

Às vezes eu queria desistir e ir para casa e parar, mas daí me lembro que tenho um garotinho incrível que me adora e que preciso completar esse objetivo não só por ele, mas também por mim. Depois de terminar uma caminhada difícil, sinto alívio e muito orgulho.
 
Rowdy fica muito feliz durante as caminhadas, com um sorriso gigante no rosto o tempo todo. Ele olha em volta e observa cada detalhe, sempre falando comigo. Ele está com 10 quilos e vai completar um ano em julho.

Para ter certeza de que eu posso protegê-lo se encontrarmos uma pessoa ruim ou um animal, carrego um spray de pimenta. Quando fazemos uma caminhada com chuva ou neve, eu me certifico de que estamos vestindo roupas adequadas, o que envolve proteção para o rosto, gorro, meias compridas e calças grossas.

Alivea e Rowdy no Parque Estadual de Silver Falls, no Oregon - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Alivea e Rowdy no Parque Estadual de Silver Falls, no Oregon
Imagem: Arquivo pessoal

A minha cachoeira favorita até agora foram as Quedas de Toketee [no condado de Douglas, Oregon]. A cor da água é surreal, me senti como se estivesse em um filme. Eu acho que tentaremos chegar às 100! Eu pesquisei bastante e ainda há muitas que gostaria de ver.

"A cada caminhada eu me encontro mais"

Antes de começar esse projeto, eu estava tão deprimida que ficava em casa sentada e chorando, deixando as emoções no controle. Agora eu superei a depressão e cresci como pessoa. A cada caminhada eu me encontro mais.

Eu aprendi que, não importa quão ruim a situação fique, eu sou uma pessoa forte, incrível e independente que pode conseguir qualquer coisa que quiser. Aprendi a me amar e a amar ser uma mãe solo. Alguns dias são difíceis, muito difíceis, mas estou fazendo isso completamente sozinha e está dando tudo certo.

Mãe e filho nas Cataratas de Watson, no Oregon - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Mãe e filho nas Cataratas de Watson, no Oregon
Imagem: Arquivo pessoal

Se eu pudesse dizer algo para alguma mãe solo que está enfrentando uma situação parecida, diria que: se eu pude sair dessa depressão horrível, você também pode. Tenho muita fé em você! Sei que não é fácil e que em alguns dias você se sente derrotada, mas é possível... Eu prometo. Basta olhar para seus filhos e saber que eles precisam de você. Você precisa ser forte para eles. Nenhuma mulher quer se tornar uma mãe solteira e fazer tudo sozinha, mas você consegue.
 
Meu objetivo número um na vida é ser a melhor mãe possível e, para isso, preciso cuidar de mim. Estar deprimida acontece, mas só precisa ser temporário. É preciso encontrar sua felicidade e se libertar de tudo negativo. Traçar uma meta e ir atrás dela."