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Mariana Ferrão faz desabafo sobre amamentar os filhos: "Estava de luto"

Mariana Ferrão amamentando o filho caçula, João - Reprodução/Instagram
Mariana Ferrão amamentando o filho caçula, João Imagem: Reprodução/Instagram

Vivian Ortiz

Do UOL, em São Paulo

14/07/2017 19h04

Mariana Ferrão, apresentadora do "Bem Estar" da TV Globo, usou suas redes sociais para contar como foi o processo de amamentação de seus dois filhos, Miguel, de três anos, e João, de um--e o fim dele. "Este é o texto que não tive coragem de escrever para o Miguel. Eu estava de luto", explicou.

Em seu texto, ela conta o sofrimento que passou quando precisou voltar a antiga rotina após o primeiro filho. "Como seria voltar ao trabalho com um coração dividido?", questionou-se. "Perdi as contas de quantas vezes chorei ao deixá-lo na escola...Como seria voltar ao trabalho com os seios doloridos de leite, e os mamilos me avisando a horinha que ele estava com fome?", escreveu.

Segundo Mariana, Miguel já mamava na mamadeira e algumas amigas tinham comentado que isso facilitaria muito seu retorno à rotina de trabalho. "Mas ninguém me disse que a saudade doía no corpo", ressaltou. Para piorar, a apresentadora pegou dengue e precisou ficar de cama, mas queria aproveitar os últimos dias com o filho antes de voltar ao trabalho.

Seu maior medo era ter de parar de amamentar por causa da doença, mas ela foi autorizada pelo médico. "O desgaste físico aumentava com a amamentação, mas eu sentia que era o que eu tinha que fazer. Afinal, que culpa aquela criaturinha tinha de eu não estar me sentindo bem? Já eu, tinha todas as culpas do mundo", contou.

Mariana ressaltou ainda que o fato de ter que adiar em uma semana a volta ao trabalho só aumentou ainda mais a sua insegurança. "Chorei várias vezes no banheiro da Globo. Medo de não ser mais necessária ali. Medo de não conseguir novamente fazer tão bem o meu trabalho. Medo de estar sendo negligente como mãe. Medo. Medo. Medo"

"Eu chegava em casa e o que mais queria era por o Miguel no peito. Sentir aquela conexão inabalável e aquela certeza de que ali eu estava no lugar onde tinha que estar. Sentir que alguém realmente precisava de mim", disse. No entanto, o estresse estava secando seu leite. "Os peitos murcharam e o Miguel, sempre glutão, começou a não querer mais mamar. Enquanto ele virava o rosto, eu inclinava meu queixo tentativa de conter as lágrimas."

Após insistir por um mês, quando o primeiro filho tinha oito meses, ela desistiu. "Pedi para meu marido filmar a última vez que ele estava mamando no meu peito. Era o registro de todo o amor e de todos os medos juntos."

Mariana aproveitou para refletir sobre a experiência: "Pra mim, a amamentação começou a ficar gostosa depois que ele passou a comer bem a papinha. O leite já não era essencial para mantê-lo vivo, mas era aquele momento mais puro, mais íntimo em que realmente só nós dois existíamos no mundo. O olho no olho. As conversas balbuciadas. O encontro visceral de sons e cheiros de dois corpos encostados", escreveu.

Novo filho

Ela conta que pensou que tudo acabava ali, mas seu luto ficou represado. "Não consegui conversar com ninguém sobre o fim da amamentação. Não consegui escrever nenhuma linha sobre o que estava sentindo. Guardei a dor e o medo de a história se repetir com o meu próximo filho", disse.

Quando o João nasceu, a apresentadora disse que tinha a intenção de amamentá-lo pelo menos até um ano, mas não foi fácil. "Aparentemente ele era mais preguiçoso pra mamar...As mamadas eram verdadeiros suplícios", contou. Mesmo não perdendo peso, o garotinho não estava engordando o quanto deveria.

"Por um momento pensei em me desesperar. Depois lembrei de tudo. Lembrei, na verdade, de mim. Eu já sabia o que era ser mãe. Simplesmente ser. Não ter que fazer nada. Apenas confiar naquilo que sentia, os meus instintos que me diziam ferozmente que tudo aquilo estava errado, que a amamentação tinha que ser boa para nós dois", contou.

Irmãozinhos

As mamadas com o segundo filho, especialmente quando o primeiro está em casa, são diferentes, ressalta Mariana. "Quando o João dormia no peito, Miguel sempre falava: 'Tá vendo, mamãe, ele não quer mais'. Por isso eu fiz questão de voltar muitas tardes pra casa para amamentar o João enquanto o Miguel estava na escola", contou.

Após uma viagem, em que passou alguns dias fora, Mariana percebeu que o leite estava secando. "Miguel fez um cafuné que penteou todo o cabelo que João ainda não tem: 'Não tem mais nada aí, Pupão.' João olhou para o irmão com um olhar suave, tranquilo. Olhou pra mim. Só senti meus olhos refletirem a doçura da cena.
João levantou do meu colo e foi brincar com o irmão na sala. Depois nós três tomamos café da manhã juntos", finalizou.

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