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Vai viajar de avião com criança? Nunca reserve as poltronas em cima da hora

Getty Images
Imagem: Getty Images

Marcos Pereira

Colaboração para o UOL

09/11/2017 04h00

A escolha da poltrona do avião pode passar despercebida para a maioria dos passageiros, mas deve ser um dos itens obrigatórios do famoso "check list" para quem viaja com filhos. Se a reserva dos assentos não for feita de acordo com as regras pela companhia aérea, a criança corre o risco de ficar longe de seu responsável durante todo o voo.

No Brasil, não existe nenhuma regulamentação que obrigue as companhias aéreas a manterem pais e filhos em poltronas lado a lado. Na prática, apenas o bom senso de organização das empresas, aliada à gentileza dos demais passageiros, pode evitar a separação da criança de seu responsável.

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"A escolha do assento é um serviço acessório e opcional das companhias aéreas. Não existe regulamentação que obrigue as companhias aéreas a seguirem um padrão. No entanto, o RBAC 121 (regulamento brasileiro de aviação civil) preconiza que a criança a bordo esteja acompanhada por um dos pais, um tutor ou uma pessoa designada pelos pais para zelar pela segurança da criança. Isso faz com que as companhias reorganizem os assentos, se necessário", informa a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
 

Até reservando pode dar problema

E justamente a falta dessa determinação deixa muitas mães e pais sem alternativa, como relata a jornalista Adriana Magalhães, que fez uma viagem curta pelo Brasil no início do ano em assentos separados de seu filho.

"Ele tinha nove anos. Veio na minha frente sozinho, eu dando a mão para ele. Ele queria chorar e vomitar. Disse, depois, que ficou muito nervoso, e as pessoas não quiseram trocar de lugar de jeito nenhum", diz a mãe, que viaja com as crianças desde que o mais velho tinha 3 meses de vida. "O (filho) mais velho tinha 12 anos, estava tranquilo."

Na ocasião, Adriana conta que havia feito a reserva dos assentos no ato da compra, mas uma mudança no modelo do avião criou a confusão. "Eles cancelaram nossos assentos, que eram na última fileira. A configuração do avião mudou, e já não havia mais os assentos reservados. Soubemos disso no balcão de ckeck in. Então, eles nos colocaram em quatro assentos no meio, todos separados."

Aéreas não têm solução

Nem mesmo nesse caso as companhias aéreas têm a solução. Os comissários de bordo podem intervire reacomodar as pessoas, mas sem a garantia de que haverá um final feliz para todas as partes.

"Ao constatar a impossibilidade da reserva de assentos juntos, a companhia procura realizar a alteração no balcão de atendimento ou mesmo a bordo, sendo esta uma concessão a ser realizada por meio da troca voluntária com outros clientes", informou a Gol.

Companhias ajudam. Peça!

Esse problema também aflige outra mãe de grande experiência em viagens. A promotora de Justiça Cláudia Pegoraro nunca viajou separadamente de seu filho, mas conta que já teve a ajuda dos comissários de bordo para intermediar a troca de poltronas.

"Já voamos bem mais de cem vezes com ele, e todas as vezes que os passageiros não aceitaram mudar de assento voluntariamente para que eu pudesse sentar ao lado dele em algum lugar do avião, os comissários resolveram", recorda a mãe, explicando que procura reservar os assentos ao comprar as passagens.

"Sempre marco os assentos ao comprar as passagens quando a marcação é gratuita, mas nunca paguei para reservar. Mas nem sempre as companhias aéreas respeitam a marcação de assentos, e muitas vezes chegamos ao check in e descobrimos que nos puseram em assentos separados, mesmo tendo três passagens no mesmo bilhete e uma delas sendo infantil."

Pré-reserva

Por isso, a reserva dos assentos no check in é o momento mais importante para que pais e filhos possam viajar juntos, como explica a Latam. "É possível realizar a pré-reserva do assento do voo no site da companhia, que, no entanto, não garante o assento escolhido. A confirmação de assento é feita no momento do check-in, que pode ser realizado no site ou aplicativo com 72 horas de antecedência do horário do voo, ou no aeroporto no dia da viagem."

Embora esse seja o procedimento padrão, a Latam também se disponibiliza a fazer mudanças para reacomodar melhor seus passageiros. "Não existe uma regulação específica para que as crianças com mais de 2 anos, viajando em assentos próprios, sigam ao lado dos pais ou responsáveis em voos. Há, no entanto, uma predileção para que estes voem juntos. Para isso, a Latam conta com a colaboração dos demais passageiros, quando necessário."

Da mesma forma pensa a Azul. "Não existe nenhuma legislação ou regulamentação do setor aéreo que prevê que a criança se sente ao lado de seus pais nos aviões. No check-in ou até mesmo na aeronave, nosso time tenta realizar a troca de assentos entre os clientes, o que geralmente é bem aceito", informa a companhia. O Estatuto da Criança e do Adolescente rege que nenhuma criança poderá viajar para fora da região onde reside desacompanhada dos pais ou responsável. Mas se a criança estiver na mesma aeronave, entendemos que estão acompanhados."

Questão de segurança


Estar no mesmo avião, porém, não é suficiente, segundo a opinião de Cláudia Pegoraro. "É uma questão de segurança. Se eu não estiver ao lado dele, quem vai ficar conferindo a todo momento se ele não desamarrou o cinto? Quem vai ajudá-lo a comer? como ele vai ao banheiro? Quem vai dizer para ele não bater nas costas do passageiro da frente?", indaga. "Isso para não falar em segurança. Milhões de pessoas morrem de medo de avião, imagina crianças! Imagina começar uma turbulência forte durante o voo, e você não estar ao lado do teu filho para conferir se o cinto está amarrado."