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Seu filho é o baixinho da turma? Veja quando é hora de procurar um médico

Getty Images
Imagem: Getty Images

Carolina Prado

Colaboração para o UOL

24/11/2017 04h00

Comparar a altura do filho com a de outras crianças da mesma idade é a maneira mais fácil de  avaliar se ele está crescendo bem. Porém, essa análise é bastante subjetiva e, ao desconfiar de algum problema, nada substitui a consulta médica. “Nas visitas ao pediatra, a criança é medida e avaliada. Posicionamos esses dados em curvas de crescimento, estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde. Então, analisamos se a criança está abaixo da média de crescimento para a faixa etária ou não”, conta Louise Cominat, médica especialista em Endocrinologia Infantil.

Daí a importância de que a criança passe pelo pediatra regularmente, mesmo sem estar doente. “Muitos pais só passam o filho no pronto socorro, onde o médico não vai fazer esse tipo de avaliação, pois está tratando uma emergência. Assim, perdem a oportunidade de fazer esse acompanhamento e de perceber, precocemente, quando há algum problema”, diz Lilian.

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Geralmente, é esperado que a criança cresça entre 4 e 8 centímetros ao ano. “Na puberdade, observamos uma aceleração na velocidade desse crescimento, que é típica da fase”, explica Lilian Argentino Pinchiari, endocrinologista infantil do Hospital Assunção, da Rede D’Or São Luiz.

Genética conta muito

Segundo Louise, existe um cálculo que ajuda a prever a altura final do filho e que leva em conta a estatura dos pais. “O primeiro passo é somar a altura do pai e da mãe e dividir por dois. Depois, se for menino, bastará somar mais 6,5 cm ao resultado da divisão. Se for menina, bastará subtrair 6,5 cm”, conta a especialista. Mas podem ocorrer exceções à regra. “De qualquer forma, se os pais não são altos, não podemos esperar que o filho seja”, diz. Caso a criança esteja crescendo satisfatoriamente, de acordo com a média da altura dos pais, não há necessidade de intervenção médica. Mas há casos em que os pais são altos e a criança não cresce conforme o esperado. “Nestes últimos, teremos que pesquisar e, se necessário, intervir, com tratamento adequado”, afirma Lilian.

Maus hábitos também contam

Alimentação inadequada e privação de sono podem interferir no processo de crescimento. Como a desnutrição pode ser causa de baixa estatura, é bom ficar atento à quantidade de calorias e nutrientes necessários para cada idade. O próprio pediatra ou um nutricionista pode ajudar na orientação da dieta da criança, caso seja necessário.

Também cabe aos pais estabelecerem uma rotina adequada para a criança dormir bem. “O pico de ação do hormônio de crescimento ocorre três horas após o início do sono. Portanto, se a criança tem o hábito de dormir pouco à noite, há menos tempo de ação para o hormônio do crescimento fazer efeito”, explica Lilian.

Investigar é preciso

Há diversas causas para os problemas de crescimento. Entre elas estão as doenças crônicas -- como anemia, desnutrição, insuficiência renal, problemas no coração etc. --, as genéticas, os casos de prematuridade, os problemas que afetam o sistema endócrino -- como hipotireoidismo, deficiência de hormônio de crescimento, doença de Cushing etc. --, os distúrbios do metabolismo ósseo, entre outros. “Por isso, o ideal é procurar um especialista, para receber um diagnóstico e um tratamento corretos”, alerta a pediatra especialista em Endocrinologia Pediátrica, Mariana Zorron.

Quanto antes, melhor

Quanto mais cedo os problemas de crescimento forem detectados, maiores as chances de sucesso do tratamento. “No final da puberdade, há muito pouco a ser feito e, muitas vezes, nem há mais indicação de tratamento”, afirma Louise.

A terapia será definida de acordo com a causa da baixa estatura. “Se a doença de base for no coração, o tratamento será direcionado a esse órgão. Se for uma desnutrição, será feita a renutrição. Se a causa for deficiência de hormônio de crescimento, o médico indicará uma reposição hormonal. E por aí vai”, explica Mariana.

FONTES: Lilian Argentino Pinchiari, endocrinologista infantil do Hospital Assunção, da Rede D’Or São Luiz. Louise Cominat, médica assistente da unidade de Endocrinologia do ICR-HC FMUSP, especialista em Endocrinologia Infantil, mestre em Pediatria e professora de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Mariana Zorron, pediatra, especialista em Endocrinologia Pediátrica.