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Do arco da velha: veja as incríveis histórias de um mega brechó paulistano

Telma (à esq.) e Cleci trabalham juntas há 15 anos em um mega brechó em São Paulo - Lucas Lima/UOL
Telma (à esq.) e Cleci trabalham juntas há 15 anos em um mega brechó em São Paulo Imagem: Lucas Lima/UOL

Do UOL, em São Paulo

13/01/2016 15h51

Cleci Pacheco é dona do brechó Toco Sol, localizado no bairro Vila Madalena, em São Paulo. Telma Ribeiro é seu braço direito. Entre dezenas de metros de araras e milhares de roupas, a dupla, que trabalha junta há 15 anos com clientes de todos os tipos, vivenciou histórias que merecem ser contadas. A seguir, veja seis momentos curiosos que já aconteceram na loja. 

Histórias de Cleci e Telma

  • Lucas Lima/UOL

    Desejo contido

    "Um rapaz vinha aqui e pedia peças femininas, estilo clássico, do tipo secretária. Ele se vestia inteirinho, montava o look completo, com meia fina, saia, blusa com laço, gravatinha, sapato, tudo. Quando estava pronto, fechava o provador, se vestia como homem de novo e dizia que voltaria no outro dia para pagar, mas sumia. Voltava depois de uma semana, se vestia de novo, com outro figurino, ficava pronto, fazia tudo de novo e não levava nada. Ele fez isso algumas vezes. Acho que sonhava em se vestir daquele jeito. Ele se identificava mais com aquelas roupas do que da forma como era obrigado a se vestir, de homem"

  • Lucas Lima/UOL

    Cliente fiel

    "Tínhamos uma cliente que nos foi fiel por dez anos. Todo sábado eu (Telma) deixava pelo menos uma ou duas araras de roupas separadas pra ela. Só eu poderia atendê-la e fui conhecendo bem o seu estilo. Ela comprava tudo o que eu escolhia, até peças detonadas. Já aconteceu de ela querer um sobretudo verde abacate que estava todo comido por traças, então, nas minhas férias, eu bordei e fiz aplicações de crochê na peça toda e ela amou. Descobrimos que a casa dela, que não abria pra ninguém, era abarrotada de roupas e que mal dava pra abrir a porta. Aqui, precisávamos fechar a parte de trás da loja só pra ela e, no final do dia, a Cleci a levava de carro até a casa dela. Numa dessas ocasiões, as duas foram assaltadas e a cliente ficou tão traumatizada que se mudou de São Paulo e nunca mais a vimos"

  • Lucas Lima/UOL

    Recebendo santo

    "Eu estava atendendo um cliente uma vez e baixou o santo. A pessoa recebeu o que eles chamam de entidade. Ela estava falando comigo sobre o trabalho dela e, do nada, ela começou a rodar e mudar de voz, falando 'ê, ê, ê'. Isso aconteceu no fundo da loja por alguns minutos e eu só fiquei lá, observando e segurando as pontas"

  • Lucas Lima/UOL

    Vai e vem

    "Tem uma cliente que sempre vem aqui, compra, mas não consegue se apegar às peças. Então, ela quer se desfazer, traz de volta e pede pra deixarmos à venda, em consignação. Mas temos tanta coisa no acervo que as roupas dela acabam se perdendo e ela acha que vendemos. Daí precisamos nos matar de procurar até encontrar. Algumas peças realmente vendemos e repassamos o dinheiro, outras ela leva de volta pra casa"

  • Lucas Lima/UOL

    Aparência engana

    "Uma vez entrou um rapaz aqui que era quase um maltrapilho (pessoa que se veste com farrapos ou trapos) e o atendemos com educação, mas sem esperar que fosse comprar nada. No final das contas, ele comprou mais de mil reais em roupas, chapéus e botas. Ele era do interior de São Paulo e estava aqui para comprar roupas country, do tipo montaria. As aparências enganam!"

  • Lucas Lima/UOL

    Querer não é poder

    "Uma senhora aparece aqui uma vez por ano, fica mais de três horas no brechó, nos pede peças específicas, nos faz procurar, prova e separa pilhas de roupas com mais de cem peças. No final, ela diz que vai passar no banco e não volta mais. Ela já fez isso aqui três vezes, costuma voltar um ano depois com a mesma história. Achamos que ela sonha em comprar tudo aquilo, mas não tem dinheiro. Ela tem bom gosto, separa peças muito boas e sabe identificar qualidade, então achamos que ela já teve dinheiro no passado"