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Ralph Lauren se inspira no country e Francisco Costa na discrição da crise em NY

18/09/2009 16h20

NOVA YORK, EUA, 18 Set 2009 (AFP) - O estilista Ralph Lauren foi muito aplaudido na quinta-feira em Nova York ao fim de seu desfile primavera-verão 2010, um dos melhores dos últimos anos, que transformou o campo americano no reino da jovialidade e elegância. Já o brasileiro Francisco Costa, para a Calvin Klein, mostrou looks sóbrios de tecidos fluídos em tons discretos, em sintonia com a crise econômica.

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    Coleção do estilista Ralph Lauren para o verão 2010 valoriza o jeans


O público, entre compradores asiáticos e celebridades, se levantou para aplaudir o estilista, que completa 70 anos em outubro e criou sua marca há 42 anos. Ao ritmo do banjo e da gaita, as modelos deixaram de lado os balneários e os campos de golfe da costa, os preferidos do rei do esporte chique, para se tranformarem nas cowgirls do Oeste.

Nesta coleção, o denim é rei, claro. Mas este tipo de jeans rústico aparece como centro da atenção na coleção de Ralph Lauren descolorido, de modelagem mais solta, em macacões e calças muito amplas, ajustados com cintos de rodeio e muito bem acompanhados de jaquetas com corte impecável e coletes sobre camisas masculinas de aparência desgastada.

Quase todas ruivas, estas cowgirls de cabelos ao vento usam gorros e viseiras ou chapéus redondos de feltro.

Tudo é azul, em todos os tons da cor: azul, azul malva, azul petróleo, índigo e blueberry. O jeans aparece também à noite, quando usado sob uma túnica de musselina transparente bordada com pérolas.

"Acredito na capacidade de reação dos Estados Unidos, em seu espírito pioneiro", descreve Ralph Lauren sobre sua coleção. "Os tempos difíceis aguçam nossa tendência para o ideal. Me inspirei no trabalho dos operários, dos fazendeiros, dos cowboys, das mulheres pioneiras das vastas pradarias que enfrentaram desafios", acrescentou.

Em uma coleção de Ralph Lauren, claro, não sobrevive só de calças e jeans. Estas jovens que poderíamos imaginar no campo, com um brisa fresca nos rosto, trocam às vezes as calças jeans por vestidos de estilo naif e floridos. Depois de preparar o feno, vão para os bailes com anáguas de tule azul e camisetas de lurex. É o glamour de Ralph Lauren, muito americano, no campo.

A Semana de Moda de Nova York terminou na quinta-feira à noite com o desfile de outros dois clássicos americanos: Calvin Klein e Tommy Hilfiger.

O brasileiro Francisco Costa para Calvin Klein mostrou uma coleção minimalista, de tons pálidos como branco, cinza e azul lavado, que atendia a duas frentes: o estilo da marca, de um glamour muito mais sóbrio, e os tempos de crise econômica, de menor ênfase no brilho e maior na praticidade.

Costa trouxe para a passarela de Nova York modelos de pele lívida, cabelos com rabos de cavalo displicentes, maquiagem muito básica e vestidos, muitos vestidos. De modelagem solta, em estilo camisa, com aplicações simples de transparências, de frente única com plissados e nervuras, os vestidos eram usados sozinhos ou com forros opacos. Nos pés, sandálias prateadas foscas.

Tommy Hilfiger contribui com seu luxo americano, tão marcante, para a Semana de Moda de Nova York. Vestidos de cintura ajustada e botões duplos dourados, calças cenoura e camisas fluidas, vestidos longos, maiô listrado com blazer branco. Tudo muito chique, misturando o sóbrio azul bem claro e o ensolarado laranja, rosa bebê e azul marinho, shorts com cintos de fivela quadrada, vestidos tomara-que-caia e de alças finas, acompanhados de grandes carteiras e sandálias de tiras finas ou abotinadas.

As modelos usavam tons de loiro que vão do muito natural ao platinado, com cabelos compridos lisos, ou usavam cabelos curtíssimos em tons de castanho. Destaque para os óculos escuros presos sem pretenção na cintura da calça e para as bolsas quadradas de corente dourada carregadas como bolsa de mão.

A semana de moda de Nova York "brincou" com a crise, por vezes refletida nas coleções, outras totalmente desprezada e substituída pelo glamour. Prova que, como sempre acontece na moda, a criatividade reina nas passarelas.