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Dior revive clássicos da alta-costura e Valli veste princesas em Paris

A Dior apostou no contraste clássico entre o preto e o branco - Getty Images
A Dior apostou no contraste clássico entre o preto e o branco Imagem: Getty Images

05/07/2016 12h39

A maison Dior bebeu na fonte de seus próprios clássicos para a coleção de alta-costura apresentada nesta segunda-feira (4), à espera da nomeação iminente da italiana Maria Grazia Chiuri como nova diretora artística. A chegada à Dior da atual estilista da maison Valentino ainda não foi anunciada, mas todos dão a notícia como certa.

Chiuri, que vai apresentar sua última coleção para Valentino na quarta-feira (6), co-dirigida por Pierpaolo Piccioli, vai substituir o belga Raf Simons, que deixou o cargo no ano passado.

Para essa coleção Inverno, à cargo do ateliê Dior, Lucie Meier e Serge Ruffieux usaram um dos truques visuais favoritos do fundador, Christian Dior: contrastar branco com preto. "Dior adorava a justaposição dos dois. 'O branco, dizia, é simples, puro e pode ser usado com tudo, enquanto que, sobre o preto, eu poderia escrever um livro inteiro'."

A famosa silhueta "Bar" --jaqueta de cintura ajustada usada com saia longa-- aparece com variações em boa parte dessa coleção de elegância sóbria.

O toque de fantasia ficou a cargo do dourado, que aparece em bordados e é usado como uma joia. O poeta Jean Cocteau dizia sobre Dior: "Nome mágico, que funde em uma só palavra Deus (Dieu em francês) e ouro (Or em francês)".

Schiaparelli homenageou a coleção "Cirque", de 1939 - Getty Images - Getty Images
Schiaparelli homenageou a coleção "Cirque", de 1939
Imagem: Getty Images

Universo onírico de Schiaparelli
O desfile de Schiaparelli prestou homenagem à famosa coleção "Cirque", que em 1938 apresentou a fundadora da maison que leva seu nome, principal concorrente de Coco Chanel.

Famosa por seu amor pelo espetáculo e pelo universo dos surrealistas, Elsa Schiaparelli, amiga de Dali e Cocteau, adorava misturar arte e moda. Para sua coleção Inverno 2017, o diretor artístico Bertrand Guyon apelou para "brilho, luminosidade, colorido e sublimação do corpo".

Acompanhadas pela música composta por Nino Rota para "Casanova", de Fellini, as modelos desfilavam como em um sonho, a passos lentos. A atriz espanhola Rosy de Palma assistiu ao desfile na primeira fila.

Os ombros aparecem muitos marcados. Os bordados decoram uma jaqueta e um vestido de veludo preto com acrobatas e malabaristas.

Outra no estilo Arlequim é coberta de lantejoulas em cores aquareladas. O famoso "rosa-shocking" da marca volta em toques esporádicos, como em uma fênix bordada em um vestido longo.

O italiano Giambattista Valli se inspirou na filme "A Arca Russa", de 2002, para sua luxuosa coleção de vestidos coquetel e princesas em vestidos de festa - Getty Images - Getty Images
O italiano Giambattista Valli se inspirou na filme "A Arca Russa", de 2002, para sua luxuosa coleção de vestidos coquetel e princesas em vestidos de festa
Imagem: Getty Images

Bonecas russas de Valli
O italiano Giambattista Valli se inspirou no filme "A Arca Russa", de 2002, para sua luxuosa coleção de vestidos coquetel e princesas em vestidos de festa. "Na cultura russa, existe essa feminilidade absoluta e essa busca do extraordinário, da sublimação, do surreal", disse o estilista em entrevista à AFP no final do desfile.

Sua coleção usou babados e transparências, uma profusão de tules e organzas, seda e veludos em looks enfeitados com brilhantes da famosa joalheria milanesa Buccellati.

O desfile de 46 looks cresceu em intensidade até o grande final, com vestidos de baile e uma noiva muito aplaudida pelo público. "No momento, há em Paris uma atmosfera um pouco dura e sombria, quis trazer luz e leveza", disse o estilista.

A estilista Iris Van Harpen colocou vestido de vidro na passarela de Paris - Getty Images - Getty Images
A estilista Iris Van Harpen colocou vestido de vidro na passarela de Paris
Imagem: Getty Images

Alta-costura do futuro
Fruto de suas viagens para o Japão, a jovem estilista holandesa Iris Van Herpen admira a cultura do país que inspirou sua coleção, sob o título "Seijaku": a busca de equilíbrio em um mundo caótico.

Na nave inundada de incenso de um oratório barroco, a dois passos do Louvre, o músico Kazuya Nagaya toca uma música suave com copos zen colocados no chão. Quase imóveis, as modelos posam como estátuas, ou bonecas.

São muitas as formas orgânicas nessa coleção com uma dezena de silhuetas. Um vestido de tule e organza flutua no espaço imóvel do templo protestante. Outro, bordado com cristais Swarovski, parece cobrir de gotas d'água o corpo feminino.

Feito com mais de mil esferas de cristal sopradas à mão e cobertas de silicone transparente, um vestido direto do futuro reflete o salão. Outro glorifica a essência feminina em um jogo de cavidades orgânicas criadas graças às novas técnicas a laser.

Sua moda, disse a estilista de 32 anos após o desfile, "explora novas formas de fazer roupas para o futuro". Uma aposta valiosa em uma época em que até criadores de grandes marcas parecem temerosos de dar o menor passo sem usar as referências de décadas passadas.