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Alta-costura revisita da cadeira Fourmi a tribo massai

Lola Loscos

05/07/2010 18h15

Paris, 5 jul (EFE).- Um "novo jardim" de belezas Dior, o cinema de Visconti levado para o século XXI por Christophe Josse, a cultura da reciclagem de Martin Margiela e a espiritualidade dos Massai africanos vistos por Georges Hobeika foram os grandes temas da alta costura em Paris para a próxima temporada de inverno.

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    Modelos desfilam criação de alta-costura do estilista brasileira Gustavo Lins (05/07/2010)

O brasileiro Gustavo Lins em um desfile íntimo organizado na mesma pequena galeria de arte do bairro de Marais onde apresentou há poucos dias sua moda masculina, conquistou o público de maneira absoluta com uma coleção feminina inspirada na cadeira Fourmi de Arne Jacobsen.

Convencido que essa invenção de formas onduladas criada em 1952 é "seguramente um dos maiores sucessos do desenho contemporâneo", Lins retomou sua sinuosidade para dar uma lição de talento em 13 modelos, entre eles uma belíssima capa em algodão e seda cinza cimento e um excelente quimono-túnica de lã marfim e verde cítrico.

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    John Galliano se inspira nas flores para coleção de alta-costura para o inverno 2010-2011

Por sua vez, John Galliano, o costureiro que constrói a nova arquitetura da mulher Dior há mais de uma década, tomou como ponto de referência a natureza; em particular um de seus elementos mais elevados, as flores, por suas cores, sua estrutura e sua extrema delicadeza.

A tulipa que deu ao mestre fundador Christian Dior uma conhecida "linha icónica" provocou nas mãos de seu sucessor uma audaz floração para o inverno Dior, que se apresentou hoje no interior de uma barraca transparente instalada nos jardins do Museu Rodin.

De outro lado, o costureiro libanês George Hobeika tingiu sua alta costura com a espiritualidade das tribos Massai, uma das culturas africanas mais antigas, e adaptou cores e acessórios a vestidos de coquetel e de gala, de crepe de seda, bordados de lantejoulas, organza e cetim duquesa, em vermelho, cru e preto.

Enquanto Christophe Jossé pensou em Visconti e em seu filme "O inocente" (1976) para desenhar uma silhueta de contornos precisos.

Seus vestidos curtos de coquetel com bordados suntuosos de pedreria e plumas, combinados com acessórios de veludo, transparências e assimetrias, devem ser usados de preferência com um cabelo longo afastado do rosto.

O contraste com a jaqueta e as botas altas que a Maison Martin Margiela, grande defensora da reciclagem, confeccionou com as múltiplos bolsas de pele foi espetacular.

Da mesma forma que Margiela, a empresa que apresentou hoje suas ideias fora das tradicionais passarelas, Carven, histórica marca do luxo nacional, elegeu neste primeiro dia de coleções para apresentar um vestido preto "de falha tecnológica" criado por Guillaume Henry.

Nele, o costureiro retomou o drapeado que a fundadora lançou em 1956, para reinterpretá-lo, fazê-lo "gráfico, nervoso e atual", ou seja, dar-lhe as novas proporções que o século XX requer.