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Brechó mais famoso da Itália, Vintage Delirium já vestiu Madonna e Angelina Jolie

JULIANA LOPES<br>Colaboração para o UOL, em Milão

29/09/2009 19h31

O endereço, como o de boa parte das casas realmente chiques de Milão, é bastante discreto. Só chega lá quem conhece o caminho das pedras: um prédio antigo, número 3 da Via Sacchi, perto do metrô Lanza. A porta do hall externo fica sempre aberta em horário comercial. Numa das salas, com janelas voltadas para o pátio, funciona o brechó mais renomado da Itália e um dos mais importantes do mundo, o Vintage Delirium. O nome não é à toa, pois o local é mesmo um delírio fashion.

  • Juliana Lopes/UOL

    Guy Laroche, Dior e Versace são algumas das marcas encontradas no Vintage Delirium


São dois andares de um caos belo e organizado, cheios de araras, manequins, balcões e penduricalhos com valor para colecionadores, e preços que ficam entre 30 e 4 mil euros (algo entre R$ 80 e R$ 10 mil).

"Não são pessoas normais que procuram o vintage, é preciso ter algo especial dentro", comenta o dono do brechó, o lendário Franco Jacassi, curador de roupas vintage há 30 anos, ex-marchand de arte e colecionador de livros. É para ele que as famílias abastadas ligam quando recebem algum espólio de roupas. É para ele também que as lojas finas telefonam quando querem vender um estoque inédito.

O brechó Vintage Delirium não tem cheiro de naftalina nem de roupa guardada. É todo limpíssimo, com muitas peças que nunca foram usadas, como, por exemplo, uma coleção vintage de óculos Cristian Dior.

Quem chega já tropeça em jaquetas Yves Saint Laurent, vestidos Alaia, peças Gianfranco Ferrè, acessórios Chanel, conjuntos Balenciaga, Emilio Pucci, Versace, Missoni, Moschino. Algumas peças nem estão à venda: são "obras" de referência para editores de moda, stylists, pesquisadores de estilo das grandes grifes, peças para aluguel em filmes, videoclipes e ensaios fotográficos.

Angelina Jolie, Madonna, Kirsten Dunst e vários outros nomes, segundo Jacassi, já usaram peças selecionadas e encontradas por ele. Ou mesmo "anônimas" finas que querem ir ao teatro La Scalla vestidas à rigor passam ali, e Jacassi prontamente oferece um belo estoque de vestidos hiperluxuosos. Detalhe: por muito menos do que pagariam em uma loja de grife.

"A moda hoje em dia não segue mais uma tendência só, é multifacetada. Por isso que, ao buscar o vintage, as pessoas realmente têm contato com o estilo marcante de uma época", explica Franco Jacassi que considera poucos lugares no mundo verdadeiramente vintage. "Muitas lojas se dizem vintage porque oferecem meia dúzia de trapinhos usados. Aqui a seleção é feita como uma curadoria, e os objetos a que tenho acesso quase ninguém tem", gaba-se.

Enquanto Jacassi conversa com o UOL, entra às pressas na loja Stefano, da equipe de criação da marca Gianfranco Ferré. "Estou procurando detalhes, detalhes, cortes, cortes especiais", diz esbaforido, fuçando nos cabides. A esta altura, pelo menos para os estilistas, a próxima temporada já começou.