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OEstúdio propõe inclusão social e vídeo em lugar de desfile

FERNANDA SCHIMIDT

Do prédio da Bienal

21/01/2010 16h41

Os desfiles de OEstúdio nunca seguiram o padrão tradicional de passarela, com sequência de looks e modelos trazendo as novidades de sua próxima temporada. A marca, que integra um grupo de criação multimídia, deixou as interferências sonoras e visuais de suas últimas apresentações de lado e colocou toda sua coleção Inverno 2010 em um vídeo.

  • Alexandre Schneider/ UOL

    Modelo aparece em cena do vídeo que apresentou a coleção Inverno 2010 do OEstúdio

A justificativa para o uso de tal estratégia não passa pelo “é tendência no exterior, marcas importantes tem feito isso”. Segundo Nobuyuki Ogata, um dos oito sócios do coletivo, a apresentação digital permite que sejam focados detalhes, por exemplo. “Temos controle de tempo e espaço no filme”, disse, no backstage, antes da apresentação.

 

O filme, de fato, focou os detalhes, levando ao centro da tela de cinema os mocassins, zíperes, botões e estampas. Ao passo que a estética facilita o entendimento micro das peças, que em um desfile tradicional, só poderiam ser averiguadas com uma visita às araras no camarim, já que o vai-e-vem de cada look ao longo da passarela torna difícil a percepção das produções como um todo.

 

Com o vídeo, o coletivo buscou um ar poético, com apenas dois modelos, um feminino e um masculino, e dois dançarinos apresentando a coleção. O inverno da marca será de peças confortáveis, de moletom, flanela e algodão, muitas delas unissex, que abusam dos xadrezes, em casacos, shorts, calças e camisas. As roupas são levemente ajustadas ao corpo com cartela de cores suave, de cinzas, amarelos e azuis, com espaço também para tons flúor nos jeans coloridos.

 

Para esta temporada, OEstúdio quis levar, também, a inclusão social para a moda. A marca apresenta um colete desenvolvido especialmente para um menino de 11 anos, deficiente físico, que nasceu com paralisia cerebral. O jovem surge no vídeo em sua cadeira de rodas, usando a peça estruturada, que procura manter cabeça e tronco eretos. A mesma criação aparece no corpo da modelo Janete Friedrich logo a seguir. Só aí nota-se que uma versão do colete havia sido apresentada na abertura do filme, sobre um vestido preto com botões frontais e capuz.

 

A inclusão digital da coleção foi arrematada com o aviso ao fim da apresentação: fotos, vídeos e release já estavam disponíveis online, no site do coletivo.