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SPFW começa com Rosa Chá em nova fase "vestida" e foco da moda praia no Brasil

CAROLINA VASONE

Editora de UOL Estilo

09/06/2010 00h01

“A Rosa Chá permanece em São Paulo”. A decisão parece já ter sido tomada e vem do diretor executivo da grife, Ronaldo Mattos, em entrevista ao UOL Estilo, um dia antes de desfilar na edição para o Verão 2011 do São Paulo Fashion Week, que começa nesta quarta (9).

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    Croqui de peça da coleção para o Verão 2011 da Rosa Chá, que desfilará no SPFW nesta quarta (9)

A declaração põe fim ao suspense gerado na semana passada, quando Paulo Borges anunciou, em coletiva de imprensa, que as marcas de moda praia do SPFW migrariam para o Fashion Rio a partir de junho do ano que vem. “Moda praia”, deixou bem claro o diretor dos dois eventos. “A Rosa Chá está mudando de uma marca de moda praia para uma marca de moda. Isso já acontecerá neste desfile”, esclarece Mattos.

Se haverá mais roupa ou biquíni na passarela, “dependerá da edição de Herchcovitch”, afirma o diretor executivo, sobre o estilista que assina sua terceira coleção para a Rosa Chá (a de estreia aconteceu só em NY). Nas lojas, porém, a divisão ficará em 40% da produção para biquínis e maiôs, 40% para roupas e 20% para lingeries. Recém-lançada, a linha de calcinhas e sutiãs já representa 14% das vendas da Rosa Chá.

A mudança de perfil inclui foco no segmento de luxo e a inauguração de novas lojas de 200 metros quadrados, com projeto assinado pelo arquiteto Arthur Casas. A primeira delas deve ser aberta entre julho e agosto próximos no Fashion Mall, no Rio de Janeiro. A seguinte, nos Jardins, em São Paulo.

Embora a Rosa Chá desfile em Nova York e já tenha se ausentado de passarelas brasileiras por quatro anos, Mattos garante que o alvo das apresentações internacionais é o mercado nacional. "Para a gente, o momento do desfile em Nova York coincide com o momento de chegada da coleção às lojas brasileiras. Serve como reforço de imagem, de mídia e de alavancagem de produto para os consumidores [do Brasil]", acredita.

Com 80% das vendas provenientes do Brasil e produção de 100 mil peças por ano, a grife espera aumentar em 50% o lucro na nova fase, ao oferecer, para o frio de Porto Alegre e para o calor de Salvador, opções de compra de moda.

  • Folha Imagem

    Montagem mostra croquis do biquíni da Movimento e dos maiôs da Cia. Marítima e da Paola Robba, marcas de moda praia do SPFW

Rio X Miami

Investir no amor do brasileiro pelo beachwear parece ser aposta certa. O país é, segundo a ABIT (Associação Brasileira de Indústria Têxtil), o que mais consome moda praia no mundo. Em 2009, movimentou 1,5 bilhão de dólares com a produção de peças para o segmento.

A estilista Paola Robba, cuja marca de moda praia que leva seu nome desfilará no próximo domingo (13), já chegou a exportar mais do que vender no Brasil. Há cerca de cinco anos, porém, começou a sentir as consequências da desvalorização do dólar. Hoje, não deixa de usar a principal ("e única", reitera) semana de moda praia do mundo, a de Miami, como vitrine para a sua grife Poko Pano, mais antiga (tem 22 anos) e comercial (95% das 200 mil peças produzidas por ano por Paola são da Poko Pano). Não abre mão, porém, do São Paulo Fashion Week, que acredita ter repercussão não só nacional mas internacional, para o lançamento de sua linha sofisticada. "Sempre que viajo encontro fotos dos meus desfiles em São Paulo publicados em revistas estrangeiras", diz.  

Confirmada para desfilar no próximo Fashion Rio para o Verão 2012, Paola acredita que a semana carioca venha a ser complementar à de Miami, com outro estilo, o de divulgação do "lifestyle" brasileiro.

Criadora e designer da Movimento, Tininha da Fonte, que apresenta coleção na sexta (11) com exotismo e fauna exuberante inspirados no trabalho do fotógrafo Peter Beard, exporta para países como Austrália, Portugal e EUA, mas vende mais no Brasil, em especial no estado de São Paulo. A grife, criada há 28 anos em Recife, quer aumentar a média de 180 mil peças produzidas anualmente ao expandir os negócios para o Norte do país, onde hoje o alcance não é tão bom.

A estilista não desfila em Miami e ainda não sabe se mudará a apresentação de sua marca para o Rio. "Preciso ouvir a proposta para depois decidir."