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Em 3º dia, a festa é das bruxas e do Nordeste com alma de moda no SPFW

CAROLINA VASONE

Editora de UOL Estilo

12/06/2010 01h28

  • Montagem/Alexandre Schneider/UOL

    Looks de Samuel Cirnansck, FH por Fause Haten e Maria Bonita, repectivamente. Todas as grifes desfilaram no terceiro dia do SPFW Verão 2011 (11/06/2010)

A bruxa esteve solta na moda festa desfilada na última sexta (11), terceiro dia do São Paulo Fashion Week, Para o bem e para o mal. Se Samuel Cirnanski acertou ao usar o tema do Halloween para acrescentar humor à sua moda propositalmente exagerada e bem-feita nos microcomprimentos, nos paetês e estruturas curvilíneas de corselets tipo armadura,com Grazi Massafera em participação especial na passarela, Fause Haten parece ter levado a sério demais a intenção de propor a busca por uma identidade de moda a partir da costura de várias partes de roupas diferentes num só corpo, num quebra-cabeça que acabou desencaixado, como que um Frankenstein sem personalidade própria, confuso entre tantos pedaços de história, nenhuma genuínamente dele.

 

Discurso e alma de moda e de um olhar muito particular sobre o mundo não faltaram à Maria Bonita. A grife mostra que é possível, sem abrir mão da alma brasileira, criar moda com qualidade, rigor técnico e conceitual, misturando o melhor - ou a escolha do que há de melhor - dos dois mundos. Assim, o tecido de madeira impressionante e delicado aos olhos na passarela veio da Alemanha para interpretar a versão de moda das casas nordestinas fotografadas pela artista Anna Mariani e expostas na Bienal de Artes de 1987. O craquelado da terra seca nordestina vira estampa e recorte das peças, o tom de areia fica dourado em tecidos amassados, com memória, em vestidos soltos e retos com construções primorosas nos detalhes. A saia-calça é hit da coleção, ampla, triangular, de cintura alta. Os chapéus que protegem do sol se fundem a tops e a vestidos e resultam em imagem fresca e intensa, gostosa de olhar, sem deixar a complexidade das construções se sobrepor à vontade de ser simples e bonita.

 

Em comemoração aos seus 15 anos, a Cavalera optou por desfilar fora da Bienal, na Casa Panamericana, construída nos anos 50. O clima, porém, não foi de festa. A linha masculina, sempre cheia de boas sacadas, apareceu menos inventiva. Já a feminina optou por versões de princesas desgrenhadas em vestidos propositalmente sem acabamento, com sobreposições e excessos de tule.

 

Neste sábado, o dia começa com Reinaldo Lourenço em desfile na Faap e segue para a Bienal com as apresentações de Jefferson Kulig, Animale, Ana Salazar, Adriana Degreas e Lino Villaventura.