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Democracia do glamour na Neon e homem aristocrático de João Pimenta animam 5º dia

CAROLINA VASONE

Editora de UOL Estilo

14/06/2010 02h22

No penúltimo dia do São Paulo Fashion Week, uma injeção de boas ideias animou a moda brasileira, não muito inventiva nesta temporada para o Verão 2011. Num domingo que parecia ser de Gisele Bündchen, a supermodelo, como sempre belíssima, causou o alvoroço habitual no backstage da Colcci. No desfile, que também teve a participação de Reynaldo Gianechinni para encerrar o domingo (13), porém, os aplausos foram mais comedidos se comparados ao rebuliço causado por Paris Hilton na Triton.

  • Montagem/Alexandre Schneider/UOL

    Loos dos desfiles da Neon e João Pimenta, respectivamente, no SPFW Verão 2011 (13/06/2010)

Se Gisele na passarela da Colcci já não é novidade há tempos, foram mesmo os desfiles com proposta de moda e intenção de espetáculo os responsáveis por dar um show. Na Neon, o cenário - uma piscina de um centro esportivo público - foi uma das atrações da coleção cheia de combinações divertidas, citações frescas de várias décadas, como os anos 60, 70 e 80 e até uma falsa peladona no final da apresentação, com tapa-sexo imitando um nu frontal. No caso de João Pimenta, a ideia era ampliar as possibilidades de modelagem  decoração da moda masculina, num streetwear que misturava roupa histórica com surf, em peças extremamente bem-feitas.

Ambos os desfiles foram tocantes por motivos diferentes. Na Neon, uma grife cara, para mulheres ricas, surpreendeu (no melhor dos sentidos) a democratização do glamour à beira da piscina do Conjunto Desportivo Baby Barioni, na Água Branca. Não uma piscina de mansão, onde só os ricos podem estar na moda e se divertir. Mas um espaço funcional e popular, onde garotas comuns podem ser uma "mulher Neon".

Muita gente se emocionou no desfile, e com razão. Além da excelente coleção, é mesmo tocante quando o mundo da moda, mesmo que por quinze minutos na passarela, abre mão de seu caráter, mais do que exclusivo, excludente. E manda a mensagem de que não é preciso ter uma piscina numa mansão para ser uma mulher glamourosa e bem-humorada: em novos novos tempos, com bom olho e estilo, dá para se vestir muito bem. E frequentar, inclusive, as "pool parties" jet-setters.

Em estreia aplaudida, João Pimenta propõe algo que os homens do século 21 já deveriam ter percebido no final do século 20: enfeite não é ameaça à masculinidade. Também, que pensar em moda masculina e feminina pode ser antigo. Contemporâneo é pegar elementos dos dois universos e misturá-los, de acordo com o seu estilo. Embora na passarela as peças pareçam conceituais demais, este é apenas o manifesto de seu estilo. Na loja, as peças comerciais terão apenas o espírito desta ideia. Além disso, casacas, paletós e camisas da passarela podem ser usados com peças neutras.

Responsável pela abertura do dia na casa de shows sertanejos Villa Country, Marcelo Sommer também merece menção com sua coleção inspirada nos ciganos, com toque caubói. Vestidos com bonita estamparia, franzidos na cintura e boas camisas para os homens, com detalhes como bordados florais folclóricos, podem ir direto do desfile para as araras.

No último domingo (13) desfilaram ainda Paola Robba, Amapô e Mário Queiroz.

Nesta segunda (14), último dia do evento, Gloria Coelho abre o dia no shopping Iguatemi, seguida do desfile masculino de Herchcovitch, Ronaldo Fraga, a estreante Fernanda Yamamoto e André Lima.