Topo

Lançado no Rio, instituto pró-sustentabilidade quer "nova era da moda"

Chiara Gadaleta posa em look vintage de sua marca Tarantula no Palácio Gustava Capanema, onde lançou o Instituto Ser Sustentável com Estilo (13/01/2011) - Alexandre Schneider/UOL
Chiara Gadaleta posa em look vintage de sua marca Tarantula no Palácio Gustava Capanema, onde lançou o Instituto Ser Sustentável com Estilo (13/01/2011) Imagem: Alexandre Schneider/UOL

FERNANDA SCHIMIDT

Enviada especial ao Rio

15/01/2011 13h36

O mercado de moda sustentável ganhou representante de peso com o lançamento do Instituto Ser Sustentável com Estilo (#SSE), idealizado pela estilista, stylist e consultora de moda Chiara Gadaleta.

O #SSE surgiu após quatro anos de pesquisas para diagnosticar os projetos voltados para a sustentabilidade na moda, com o objetivo de organizar, desenvolver e divulgar o setor, criando uma ponte entre cada pedaço da cadeia produtiva.

Chiara Gadaleta dá dicas para quem quer ser um fashionista sustentável

  • 1

    'Made in Brazil'

    “Na etiqueta, tem de dizer que a peça foi feita no Brasil. A gente precisa parar de consumir fora e valorizar a nossa moda”

  • 2

    Consumo consciente

    “Não é para consumir um produto se você não acredita nele. Tem de saber que está usando, do que foi feito, de onde veio”

  • 3

    Feito à mão

    “Um material feito à mão demora muito mais tempo para ser produzido, é exclusivo, não vai ser feito numa escala de quatro milhões de peças na China”

  • 4

    Reciclagem

    “O meio ambiente não aguenta mais lixo. Precisamos reciclar não só o lixo em casa, mas consumir produtos reciclados. Hoje em dia, temos jeans e camisetas feitos com garrafas PET, por exemplo"

  • 5

    Vintage

    “Ao comprar em brechó, você constrói seu estilo pessoal com muito mais facilidade, porque escolhe uma peça que é só sua e não vai precisar ser produzida”

    “Sustentabilidade não quer dizer só ecologia, envolve inclusão social, capacitação, informação, educação por meio da moda e da beleza, economia criativa e valorização do que é nosso”, disse Chiara em entrevista ao UOL Estilo no Palácio Gustavo Capanema, escolhido para sediar o lançamento do #SSE na quinta-feira (13), na região central do Rio, em evento paralelo à semana carioca de desfiles.

    O instituto reúne inicialmente 14 representantes da moda sustentável de variadas especialidades e regiões do país, entre eles Ronaldo Fraga (MG), Luciana Galeão (BA), Kalina Rameiro (PI), Lourdinha Oliveira (PE) e Osklen (RJ). Para este primeiro semestre, sua agenda de iniciativas – o Giro #SSE – inclui curso e desfile em São Paulo, ciranda de customização em Campinas, exposição em Fortaleza, palestra em Teresina e seminário no Rio de Janeiro.

    Chiara acredita que o mercado esteja interessado em mudanças e vê no consumidor final um agente tão importante quanto o produtor. “Ele não pode simplesmente engolir o produto, tem a responsabilidade de pesquisar sobre a marca, saber se ela tem algum projeto social, se usa material orgânico ou se está dizendo que é sustentável por um marketing verde, o que também acontece infelizmente”, disse.

    Princesa da moda sustentável

    Na opinião de Chiara, a capital mundial da moda sustentável é Londres. Durante a semana de moda inglesa é realizada a feira Estethica, lançada há cinco anos para apresentar o trabalho de estilistas que empregam seu talento em criações ecossustentáveis e se transformou no principal evento do setor. É em Londres também que está sediada a estilista que Chiara chama de “princesa da moda sustentável”, Stella McCartney. “É como se [a sustentabilidade] já estivesse dentro dela, é um modelo de negócios. Ela une design a tudo, [o que ela cria] dá desejo, todo mundo que comprar”, afirmou.

    Essa preocupação sustentável como algo intrínseco às criações e empresas é o que Chiara espera ver no Brasil a longo prazo: “Meu sonho é que a moda ligada à sustentabilidade seja natural, que ninguém tenha mais de fazer disso uma questão. Gosto de falar que é a nova era da moda, uma maneira diferente de ver as coisas, de pensar outras possibilidades. A cadeia toda vai precisar ser ajustar, rever escala e lucros. Mas a moda tem a faca e o queijo na mão para que dê certo”.