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"Para ser sensual, a mulher hoje precisa esconder um pouco o corpo", diz estilista da Gianfranco Ferrè

O vestido Ferrè é todo fechado, mas a diferença de tons e tecidos cria uma ilusão de duas peças e sobreposição de blusas - Juliana Lopes/UOL
O vestido Ferrè é todo fechado, mas a diferença de tons e tecidos cria uma ilusão de duas peças e sobreposição de blusas Imagem: Juliana Lopes/UOL

JULIANA LOPES

Colaboração para o UOL, de Milão

28/02/2011 11h53

A passarela de Gianfranco Ferrè apresentou às mulheres dois modos de ser autais: racional e sedutora. Racional pelas formas, que, na primeira parte da coleção, são retilíneas e gráficas. E sedutora, porque, num segundo momento, os contornos chamam atenção pelo corte da roupa no corpo. “A mulher tem personalidade dupla”, disse ao UOL Estilo Tommaso Aquilano, um dos estilistas da marca.

Essa “personalidade dupla” é apresentada com contrastes: leveza e peso nos tecidos escolhidos, clareza e escuridão nas cores, geometria e curvas nos cortes. No geral, para quem olha o que está na passarela sem pesquisar muito, sente súbito essa sensação do desejo de ser desejável. Um vestido pode vir fechado até o pescoço, escondendo o colo, com comprimento nos joelhos, mas sem ser muito “comportado”. Nesses modelos, os estilistas deixaram espaços que funcionam como frestas de uma janela. São transparentes. “Para ser sensual, a mulher hoje precisa esconder um pouco o corpo”, diz Roberto Rimondi, o outro estilista da dupla de criação da Ferrè.

“Existe uma mercantilização do corpo da mulher hoje. Para fugir disso, a sensualidade buscada não pode ser muito atirada. Recuperar a curiosidade dos homens com um certo mistério”, diz Rimondi. A dupla buscou, pesquisando materiais com seus fornecedores, diversos modos de criar proporção, de esconder ou mostrar mais o corpo da mulher. Uma parte de cima muito leve, por exemplo, contrasta com uma saia rígida. O corpo é desenhado de forma mais “técnica”.  A Ferrè, como todas as outras marcas históricas italianas, exalta também a grande pesquisa que existe no setor do tecido italiano. “Conseguimos esses feitos, porque trabalhamos em conjunto com os fornecedores, que criam os melhores cashemeres e as melhores sedas”, diz Rimondi.

  • Juliana Lopes/UOL

    À esquerda, tecido leve da blusa contrasta com saia rígida, assim como as cores; à direita, vestido fechado, mas com abertura