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Novelas e "fast fashion" internacional inspiram marcas populares

Looks da Collins (esq.) e Mamô Brasil para o Inverno 2011 desfilados no Mega Polo Moda - Nina Jacobi/UOL
Looks da Collins (esq.) e Mamô Brasil para o Inverno 2011 desfilados no Mega Polo Moda Imagem: Nina Jacobi/UOL

FERNANDA SCHIMIDT

Da Redação

17/03/2011 16h03

As novelas nacionais e as grifes bem sucedidas do "fast fashion" mundial estão no radar de tendências das marcas comerciais, que vendem em grande escala no Brasil e estão presentes no Mega Polo Moda, o maior shopping atacadista do país, localizado no Brás, em São Paulo. Como atingem um público maior, é necessário que essas marcas pulverizem estilos e pensem opções para as diferentes situações, personalidades e bolsos.

“Novela é crucial, assim como os acontecimentos do mundo. Temos de olhar para tudo”, disse Helena Jardinovsky, diretora comercial da Jarmod, marca com 800 pontos de venda no país e nove lojas próprias, sob a etiqueta Quatsi. Entre as mulheres célebres que ajudam a moldar a moda nas ruas do Brasil, Helena cita Kate Middleton, noiva do príncipe William, de Gales, e a primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, além das apresentadoras dos jornais da Rede Globo.

“Pegamos referências de 'fast fashion', como a [norte-americana] Forever 21 e a [espanhola] Zara, e de marcas mais concentuais, como Armani, Chloé e Céline”, disse a estilista Ana Elisa Pagani, da Jarmod. A diretora de marketing da marca Mamô Brasil, Giovana Anichini, contou que sua equipe viaja e traz algumas peças como inspiração no retorno à fábrica. “Mas não fazemos cópia. É uma pesquisa de tendências”, garantiu.

“Viajamos à Europa e aos Estados Unidos para ver quais são as tendências mais comerciais. Ao voltar, nos reunimos e dividimos a pesquisa em temas”, disse a estilista Paula Fachini, coordenadora do estilo da Collins, que conta com 1.500 pontos de venda e 88 lojas próprias no Brasil.

Ainda que elementares para a busca em campo de quem faz moda, as viagens ao exterior passaram a ter um peso diferente com a popularização da internet, com ampla cobertura de desfiles e sites de moda da rua. Há cinco anos, a equipe da Jarmod fazia pelo menos seis viagens anuais para ver in loco o que as capitais europeias e Nova York ditariam para a temporada seguinte. Hoje, o número de traslados caiu a menos da metade. “Nada compara estar nas lojas, ver o shape e coisas que você só sente com a peça na mão. Mas não é mais o principal”, disse Helena.

O processo é o mesmo para as marcas de moda masculina, mas seu caminho é um pouco mais árduo. Elas precisam que os homens, mais avessos a novidades no figurino, aceitem o que hoje é tido como tendência, seja o corte mais ajustado em ternos e costumes ou os paletós com dois ou apenas um botão.

  • Looks da Studio AT para o Inverno 2011 desfilados no Mega Polo Moda

    Alexandre Schneider/UOL

A Studio AT é a única marca masculina que nas últimas edições de desfiles do Mega Polo Moda tem apresentado opções que contemplem este visual mais enxuto e esguio. “O público ainda tem resistência, então vamos inserindo essas mudanças aos poucos no mercado”, disse Luciana Silva, responsável pelo marketing da marca, que tem suas peças disponíveis em 260 pontos de venda.

O fator clima

Outro cuidado que as marcas tanto masculinas quanto femininas precisam ter é em relação aos diferentes climas existentes ao longo do Brasil, em especial no Nordeste, região considerada por elas um mercado em expansão.

A Mamô Brasil, por exemplo, faz uma coleção especial para Fortaleza. A Studio AT, que já tem um forte mercado na região, dribla os invernos quentes com a escolha dos materiais com que confecciona seus costumes. “Usamos tecidos com aspecto e cor de inverno, mas que sejam mais leves e com menos forro”, disse Luciana.

A Collins procura confeccionar peças mais leves como aposta de que irão vender nas regiões mais quentes do país. Em Manaus, na região Norte, a marca foi surpreendida pela procura por casacos. A estilista Paula justificou a demanda recentemente descoberta: “há muitas empresas, todas com ar condicionado, e também tem muita gente que viaja”.