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Artesanato industrializado é destaque na semana de moda de Fortaleza

Detalhe de vestido do estilista Kallil Nepomuceno apresentado no Dragão Fashion Brasil 2011 (14/04/2011) - Jarbas Oliveira/UOL
Detalhe de vestido do estilista Kallil Nepomuceno apresentado no Dragão Fashion Brasil 2011 (14/04/2011) Imagem: Jarbas Oliveira/UOL

FERNANDA SCHIMIDT

Enviada especial à Fortaleza

15/04/2011 11h40

Os trabalhos manuais marcam a cultura do nordeste, pelo domínio de técnicas e riqueza de detalhes. Novas tecnologias, no entanto, têm possibilitado que o ofício seja reproduzido industrialmente. Foi assim que o estilista Kallil Nepomuceno criou sua coleção de moda festa, destaque da programação desta quinta-feira (14) do Dragão Fashion Brasil, principal semana de moda da região.

A ideia inicial de Nepomuceno era confeccionar toda a coleção manualmente, trabalhando-a em cima do richelieu (tipo de bordado). Mas não teve tempo hábil para o trabalho, por aguardar um patrocínio que não se concretizou.

Assim, o estilista partiu para as facilidades industriais, com peças cortadas a laser e bordados gerados a partir de desenhos computadorizados. E lá surgiram flores vazadas, tecidos revelando sobreposições Para completar os trabalhos, bordou à mão algumas peças.

  • Jarbas Oliveira/UOL

    Modelos desfilam looks com trabalho artesanal do estilista Kallil Nepomuceno no Dragão Fashion Brasil (14/04/2011)


“A gente tem que resgatar esses trabalhos manuais”, acredita Nepomuceno. Seu interesse pelo artesanato, disse, veio da família. “Minha avó fazia alta-costura, herdei isso um pouco dela”, contou. Ele costuma se lembrar de uma frase dita por ela: “se foi feito por mãos humanas, eu consigo fazer”, como inspiração para aperfeiçoar o artesanato em sua moda. A colaboração familiar, aliás, não fica restrita ao passado. Duas de suas irmãs são responsáveis por desenvolver os bordados de cada coleção.
 

  • Jarbas Oliveira/UOL

    Barbara Berger desfila look do estilista Kallil Nepomuceno durante o Dragão Fashion (14/04/2011)

O estilista, de 40 anos e com formação em letras, começou a mexer com corte e costura ainda na adolescência. “Desde os 15 anos já fazia roupa para as amigas”, disse. Três anos depois, passou a trabalhar em indústrias de confecção no Estado.

Nova coleção
Para os 35 looks apresentados no Dragão, Nepomuceno olhou para o trabalho do artista plástico cearense Sérgio Helle, em suas quatro fases. Do portfolio, pinçou sua cartela de cores, focada em tons terrosos pontuados pelo azul.

O estilista se apropriou de maneira mais literal do trabalho de Helle por meio de telas estampadas com pinturas do artista, como dois lenços gigantes formando uma saia em alguns looks. A modelagem é estruturada na maioria das peças, com bolsos, ombros ou saias marcadas.

Além de Kallil Nepomuceno, destaque para o desfile da marca de Piorski, que mostrou coleção divertida inspirada no universo do circo, marcada pelo mix de estampas.

*A repórter viajou a convite do Dragão Fashion Brasil